Apesar da enormíssima crise que tanto nos preocupa, a verdade é que os voos para os principais destinos turísticos, principalmente para o Brasil, nesta época do ano, estão completamente esgotados. Tal como a indústria hoteleira do Algarve se encontra sobrelotada.
Isto, porém, só pode querer dizer uma das duas seguintes coisas: primeiro, os portugueses são uns mentirosos, uma vez que, aquando dos inquéritos, mentem tanto ou mais que o engenheiro da licenciatura dominical; segundo, as estatística nacionais e europeias, incluindo as agências de rating aldrabam os números de forma escabrosa e, porventura, escandalosa também. A crise é ainda só para alguns.
Ora, como não acredito na segunda hipótese, apesar de não colocar as mãos no fogo por quem quer que seja, resta-me concluir que existe muito dinheiro escondido ou, em última suposição, os portugueses são os maiores idiotas e inconscientes ao cima da terra.
Filosofias e especulações à parte, a verdade é que eu não farei mais que “turismo” residencial. Na minha casa, como é evidente. Bem sei que a indústria de tempos livres nos tenta encantar com destinos que, verdadeiramente, tentam competir contra tudo e todos, mesmo até com a bolsa mais vazia que pedinte em dias de forte vendaval. Por isso, não admira que nos tentem revelar locais, por mais recônditos que sejam, preparados para se (auto)reinventarem e, se necessário, substituírem os que há muito já esquecemos.
Voltando ao turismo residencial, aquele que, mais por opção próprio que escolha financeira(!!!), usufruirei, permitir-me-á, não tenho a menor dúvida, realçar o retrato do lema “lar, doce lar”, em contraponto com algo que, por muitas (des)venturas que houvesse, dificilmente o optimismo se alastraria, bem como a congratulação pelos “excelentes resultados alcançados” seria uma mera quimera.
Aliás, personificação do interesses individual não pode, por muitos argumentos que encontremos – e, nesse sentido, somos exímios -, sobrepor-se à conveniência geral e - porque não dizê-lo? - até global. Não basta convencermo-nos de que temos liberdade para fazer o que queremos com o “nosso” dinheiro e tempo. Em termos éticos, para não falar em termos sociais, tal não nos pertence integralmente. Nós somos aquilo que fazemos nas 24 horas do dia, nos sete dias da semana, …, em suma, nos 365 dias do ano.