Não somos mais que um instrumento colocado ao serviço dos outros, pelo que importa constantemente preparar as condições para uma eficiente e racional cooperação. Aliás, de muito pouco adianta queixarmo-nos quando algo não corre como deve ser. Por um lado, por não valer de nada e, por outro, por não haver alternativa. Ou melhor, alternativa há, mas podem ter a certeza que será sempre pior.

É reconhecida a melhoria de produtividade alcançada nos casos em que fazemos para o que nascemos, do que contrariar o destino. Sei que é bonito dizer que somos nós que fazemos o destino. Só que tal não é inteiramente verdade. Mais: está mais longe da verdade do que da mentira. O que acontece é que muitas vezes adoramos iludirmo-nos.

O caminho de uma direcção não é traçado de um momento para o outro, como quem vira o carro para a direita ou para a esquerda. Até aqui, por vezes, tal acarreta imensos transtornos. Agora imaginem a vida. A mudança de vida é lenta, e não sendo imutável, é inexoravelmente certa. Carecemos, pois, de impulsos, uns certos e outros – infelizmente, por muito que custe admitir, os mais comuns – errados. Para além destes, existem circunstâncias e alterações próprias de quem vive e tenta conquistar lugares pouco conhecidos e muito menos dominados.

De uma coisa podemos ter a certeza: jamais devemos olvidar a criação de condições de rejuvenescimento e melhoria. Como se costuma dizer, tropeçar todos tropeçam. O bom e necessário é, depois das constantes quedas, o levantar logo a seguir.

Sinto-me bem comigo mesmo. Mais uma vez fui directo e disse o que tinha para dizer, sem fingimentos e recusando toda e qualquer hipocrisia. Aquilo que tenho para dizer digo-o, olhos nos olhos, sem tibiezas ou receios. Aliás, os que me conhecem e não são assim tão poucos, bem sabem que não mando recados. Calo-me quando entendo não ter razão e contenho-me o máximo possível, pois já lá diz o ditado: “quem diz tudo o que quer, arrisca-se a ouvir o que não gosta”. Todavia, esta postura não pode, de modo algum, ser impeditiva de proclamar, quando a verdade se impõe, o que me vai na alma.

Nestes momentos - quando o dique transborda - há uma necessidade imperiosa de não reatar os erros do passado, reaprender o presente e, sobretudo, recriar novos hábitos. Sem peias ou medos e tendo sempre presente que o copo está meio cheio e jamais meio vazio.

Bem sei que é um lugar comum, mas atrevo-me a repetir: lutar por aquilo em que acreditamos é um dever, o qual, de modo algum, pode ser negligenciável. Somos donos do nosso destino, e sem desfeitear quem nos precede ou sucede, o modo como asseveramos a nossa identidade assim atestamos a própria sobrevivência.

Trocar a sardinha por lagosta, recusar beber vinho da casa e pedir um vinho de marca, daqueles cujo rótulo fazem inveja da mesa do lado, bem como não olhar para a coluna da direita do cardápio, é apanágio dos que sabem o que querem.