A bravura é uma qualidade que se deve medir ao longo de uma vida e não durante breves lapsos de tempo. É fácil, quando assumimos um cargo e querendo impressionar os que nos rodeiam e, sobretudo, a turba, dar um ar de valente, dar o peito às balas e, se necessário for, até rasgar as vestes e gritar “agarrem-me senão dou cabo deles”.
O Sporting CP, pela grandeza demonstrada ao longo dos seus muitos anos de história, deveria, ninguém o nega, ter tido outro tipo de dirigentes. Homens duros, com fibra, resilientes e principalmente com dinheiro ou com facilidade de o angariar. Ora, se não tinham as primeiras qualidades, sobre a questão do “pilim” então nem se fala. E à falta de resultados o clube foi-se afundando em dívidas e em credibilidade.
Quanto às dívidas, as últimas administrações bem tentaram resolver o assunto e não haja dúvida que o SPC foi o clube, de entre os designados três grandes, o que mais diminuiu o défice. Porém, como não se fazem morcelas sem sangue, o plantel ressentiu-se e os resultados foram aqueles que todos conhecemos.
Bruno de Carvalho, rapidamente percebeu a situação. Não tendo dinheiro para reforçar a equipa tanto quanto queria e os adeptos solicitavam, houve que jogar noutro campo: o de falar grosso. É uma estratégia há muito usada, a qual raramente termina bem. Nesta ordem de ideias, todos sabíamos que, mais cedo que tarde, aqui também não daria certo. Contudo, parece que ainda não aprendeu a lição.
E, foi isso que aconteceu neste fim-de-semana. O Sporting veio de Guimarães qual leão completamente domado e até com o rabo entre as pernas. Jogou mal e acabou por levar “na pá” três golos sem resposta.
Qual o comentário do presidente? Toca de bater nos mais frágeis, i.e., nos jogadores. A culpa não é da direcção, nem do treinador, mas da falta de garra dos atletas. E não faz a coisa por menos, pois escreve que “ao nível do futebol sénior este fim-de-semana jamais poderá ser esquecido. Quer a equipa principal quer a equipa B brindaram os sportinguistas com péssimas exibições que não dignificaram o nosso clube e a nossa camisola. Não demonstraram garra nem vontade de vencer e isso é lamentável, só nos restando pedir desculpa por não termos sido dignos do clube que representamos (…) Agora não é tempo de levantar a cabeça, é tempo de nos mostrarmos dignos deste clube e demonstrar que não são apenas os nossos sócios e adeptos que se esforçam ao limite das suas forças durante os jogos, mas que nós profissionais também somos capazes de o fazer em todos os jogos".
No entanto, resta saber como: ninguém gosta que lhe batam, chamem nomes e, simultaneamente, lhe peçam para dar mais do que habitualmente dá.