A questão do emprego é daqueles assuntos em que abordagem deve ser a mais sensível possível, já que afecta milhares e milhares de pessoas. Uma das formas de olhar para a questão é admitir que Portugal e os seus “patrões” não estavam, até há poucos anos, preparados para a produção, distribuição e exportação de bens, o que tem vindo a exigir um enorme esforço de adaptação e de aprendizagem à custa, infelizmente, de muitas falências.
A renovação do emprego constitui o mais grave problema social de uma geração na qual centenas de milhares de desempregados de longa duração dificilmente terão possibilidade de regressar a um mercado de emprego, onde os postos de trabalho desaparecidos na voragem da crise não serão compensados pelos novos empregos surgidos em áreas e sectores para os quais não estão habilitados.
A grave crise que em 2011 nos bateu à porta promoveu o encerramento massivo de empresas e a ausência de investimentos atiraram para o desemprego mais de 600 mil trabalhadores nas áreas da construção civil, restauração, comércio e indústria.
Apesar de se ter registado, nos últimos tempos, uma diminuição do desemprego, tal deve-se fundamentalmente a algumas pequenas e médias empresas que, pela reduzida capacidade de investimento, estão longe de constituir uma solução global e duradoura.
Nesta ordem de ideias, a redução, no ano passado, em 16,5% no investimento público em analogia com 2015, para além de ser um contrassenso relativamente ao programa do PS, é um mau augúrio em termos de políticas de promoção de emprego. Ora, como diz Vital Moreira, o fim antecipado da austeridade nos rendimentos – do funcionalismo público, acrescento eu - foi conseguido à custa de uma severa austeridade no investimento público. O tempo dirá se foi a opção certa...”