O outro dia, escrevi que não existem margens para erros face ao número de habitantes deste planeta a que chamamos Terra. Hoje, voltando ao assunto, direi que os outros países, principalmente os europeus com quem mais afinidades possuímos, estão a progredir muito rapidamente na reestruturação da sua economia, no desenho de novos modelos de interacção social e, por isso, decidem melhor, uma vez que o fazem com mais rigor e conhecimento que nós.
O desafio que enfrentamos é cada vez maior, porque estamos a atrasar-nos perante o progresso acelerado dos nossos mais directos competidores. Dar de comer a tantos pobres – fala-se em 2 000 000 de portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza - há muito que deixou de ser um processo multi-local para passar a ser de todo o país. Cada comunidade está obrigada, perante os demais, a gerir com rigor meios cada vez mais escassos. Por exemplo, actualmente, não temos de poupar água ou energia apenas por razões de economia, mas também por razões de soberania.
É imprescindível não arranjarmos motivos para adiarmos por muito mais tempo o esforço de recuperação. Aliás, é conveniente atentar-se que esta já não depende só da nossa capacidade. Depende igualmente da nossa natureza, sendo que esta manifesta nítidos factos de impossibilidade de auto-regeneração.
Será pedir demais que, hoje, se recupere o atraso que, amanhã, só capacidades sobre-humanas permitirão? É que chegados aí, temo que já não haja retorno.