Quem tem acompanhado as primeiras medidas do novo governo grego, comando por esse timoneiro e, no dizer da nossa extrema-esquerda, novo pai dos pobres, Alexis Tsipras, pensará que foram descobertas minas de ouro ou apareceu petróleo no mar da Grécia.
Aumento do salário mínimo em mais de 200 euros, luz e saúde grátis para todos os desempregados, subsídio social para os mais carenciados, os quais não são assim tão poucos como isso, reintegração na função pública de milhares de pessoas, independentemente da sua necessidade, fim das privatizações, são algumas das medidas já tomadas. Ora, como se sabe, estas e outras medidas de igual teor custam dinheiro, algo que aquele país não tem. Por alguma coisa apresenta uma dívida descomunal, apesar de já ter sido contemplado com dois perdões.
Altos ordenados e emprego total é a pedra filosofal, o Santo Graal, de qualquer governo. Todavia, em democracia, tal como o ocidente a preconiza, e, sobretudo, nos dias de hoje, é uma quimera, isto porque as máquinas cada vez mais substituem o homem. Veja-se que mesmo em ditadura, como é o exemplo de Cuba, o desemprego é uma realidade.
De qualquer modo, estamos todos ansiosos para ver como terminará tal caminho. Uns na esperança que o novo governo grego “dê com os burros na água”, outros, porém, torcendo para que a sua política obtenha êxito. A ver vamos!
Uma questão é certa: as declarações dos governantes gregos têm vindo, como já se esperava, a suavizarem-se. Por exemplo, já não falam de perdão de dívida, mas de pagar em função do crescimento do PIB. Faz lembrar a entrada de leão de José Sócrates, quando assumiu a governação do nosso país em 2005: prometeu atacar todas as corporações – farmácias, obras públicas, etc. – e outros interesses instalados, como os juízes, que viviam à sombra do Estado e dele retiravam grandes regalias. Bem, foi o que se viu: enorme saída de sendeiro!
As circunstâncias actuais não contribuem para que haja um debate sereno e, por isso, os objectivos são vistos através de lentes embaciadas. Tanto para uns, como para outros. Num país pobre, onde existem enormes desigualdades, onde a evasão fiscal atinge 70% dos gregos – e não os 100% porque os restantes são desempregados - arriscam-se, citando Mia Couto, a continuar a produzir ricos em vez de criar riqueza. É que os ricos acabarão sempre por sair por cima! Ou para o estrangeiro!