Todos os dias dou graças a Deus. Na maior parte logo pela manhã, em muitos à hora do almoço e sempre antes de dormir. Quero dizer que sou um santo ou, pelo menos, um católico cumpridor? Infelizmente não. Longe, muito longe disso. Apenas profundamente convicto da minha fé. Não é por humildade que o declaro, mas por conhecer as minhas culpas. Aliás, não é por acaso, que digo comumente, que sou um simples pecador. Perguntarão: então, apesar sabedor das tuas falhas, não te corriges? E continuarão: a que se fica a dever a eventual incoerência? Ou, não serás como tanto quantos outros que dizem “olhem para o que digo e não para o que faço”?
Estejam descansados que não vou inventar respostas estereotipadas, pré-feitas ou concebidas à medida. A única explicação é que sou humano, ser errante, imperfeito, moldado em mau barro, não pela sua origem, mas pelas circunstâncias que me cadinharam, sempre na disposição de melhorar, pelo menos no plano das primeiras intenções, mas que, a par-e-passo, caio ao menor escolho. Todavia, também tenho a certeza absoluta, sem a menor dúvida, repito, que o mais importante é saber, i.e., ter consciência absoluta que é minha obrigação penitenciar-me, prometer diariamente a emenda e, sobretudo, levantar-me de cada vez que tropeço.