O meu ponto de vista

Setembro 20 2019

A crise climática entrou na ordem do dia e não há político que se preze sem que diariamente não emita um sound byte sobre o tema. Fazem-se manifestações a torto e a direito e até greves (!!!). Os alunos, em certos dias, recusam-se a assistir às aulas para que todos ouçam as suas reivindicações ambientais. Por exemplo, a sueca Greta Ernman Thunberg, com apenas 16 anos, encetou uma luta pela melhoria das condições ambientais com tal monta que a levou ao estrelato.

Estando de acordo com muitas das formas de combater, de imediato, este perigoso risco, também é certo que algumas se transformam, pela sua singular ridicularidade, em justos motivos de escárnio e mal-dizer. Por exemplo, é sabido que todo o animal ruminante, sobretudo a vaca, é, em termos de CO2, um grande poluidor. Diminuir o seu consumo é algo que deve ser implementado. Proibir o consumo, tal como fez a Universidade de Coimbra, é caricato e risível, tanto mais que apenas uma pequeníssima parte das refeições servidas por esta era constituída à base de tal alimento.

Esta medida, balofa e extemporânea, tomada ao sabor da corrente, pretendendo ser mais papista que o Papa, só alimenta o descrédito da vetusta Universidade, a qual não se salientado em qualquer ranking, apenas se colocou em bicos dos pés, seguindo o populismo da moda e o excesso de politicamente correcto. Bem, algum benefício tirou: durante dois ou três dias foi capa de primeira página e notícia de abertura nos telejornais. Para mim, a aludida medida tem mais a ver com o show off do que serem pioneiros no combate à referida crise climática.

Já agora, há quem defenda – os vegetarianos são exemplo paradigmático – que não se deve comer qualquer tipo de carne. Por isso, de entre outros, alimentam-se de tofu, seitan, quinoa, miso, esquecendo-se que a maioria destes alimentos são provenientes dos USA e do Brasil, onde neste se tem procedido a enormes desmatações na Amazónia para que os fazendeiros possam plantar a soja. Nos Estados Unidos o cultivo deste cereal é produzido à custa de enormes quantidades de água e de pulverizações constantes de adubos e herbicidas, isto para não falar da mecanização intensiva. Concluindo, os vegetarianos e os veganos fazem-me lembrar, em termos ambientais, o ditado “poupadores de farelo, estragadores de farinha”

publicado por Hernani de J. Pereira às 12:17

Junho 26 2013

Já lá diz o ditado e é bem verdade, “não existe fome que não dê em fartura”. Assim é com o tempo, meteorologicamente falando, é claro. Ainda há poucos dias nos queixávamos de que nem Privamera tínhamos, uma vez que o Verão, esse, então, nem vê-lo. Andávamos com frio e chuva, agasalhados até mais não e, como é óbvio, acostumados, desde sempre, a que o clima mudasse conforme o andar das estações, tal reflectia-se no nosso bem-estar, enfim, na disposição com que nos apresentávamos dia após dia. O ar acabrunhado e um quase “humor de cão” era o pão-nosso de cada dia.

E, sem aviso, de um dia para o outro, as coisas mudam. Alteram-se e passam, como o nosso bom povo costuma dizer, do oito para o oitenta. Quando ainda há meia dúzia de dias ansiávamos por calor, eis-nos agora a suspirar por um ar refrescante. O frio que nos obrigou a acender as lareiras para além de meados de Junho, bem como a conservar os edredões nas camas, de um momento para o outro deu lugar à excessiva transpiração, ao não conseguir dormir por causa do calor desmesurado e à vontade de nada fazer, pois o mais pequeno esforço é uma canseira.

Todavia, não foi só o tempo que mudou bruscamente. Vejam a luta de professores: cerca de três semanas de greve às avaliações e um dia de greve geral, em que os nervos estiveram quase sempre à flor da pele, para, num ápice, obtermos uma mão cheia de nada. Para quê tanta verborreia, tanta reivindicação sem sentido, tanto “braço de ferro” mantido de parte a parte, tanta corda esticada até ao máximo, quase em risco de partir, para se obter, quanto muito, uma vitória igual à de Pirro? Como demonstra um inquérito promovido por um jornal diário, nesta luta quase fratricida, ninguém saiu vencedor, isto é, nem o MEC, nem os sindicatos podem cantar de galo. E olhem que perdedores existem muitos: a começar pelos professores que perderam muito dinheiro – abro um parêntesis para dizer que os sindicalistas não fizeram uma única greve às avaliações -, a terminar nos alunos e respectivas famílias que viram a sua vida transtornada quase por completo.

Atenção que jamais direi que a luta dos professores não era e é justa. Repito aquilo que aqui e noutros locais escrevi: subscrevo, desde o início, as verdadeiras reclamações de uma classe importantíssima para o futuro do país e que nos últimos anos tanto tem sido enxovalhada pelo poder político. Porém, uma coisa são as legítimas aspirações, outra bem diferente é a sua instrumentalização e a colocação dos seus ideais ao serviço de uma agenda política bem patente, mas nunca declaradamente assumida.

Acima de tudo, não suporto esforços em vão e, por muito que digam o contrário, autênticas traições, factos que, aliás, já não é a primeira vez que se registam.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:47

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