O meu ponto de vista

Junho 17 2019

As audições da Comissão de Inquérito Parlamentar aos financiamentos estranhíssimos da CGD, ocorridos entre 2005 e 2011, com a consequente ruptura financeira desta, a qual tivemos todos nós de cobrir, é, se não fosse caso para chorar, um pagode. Por mim, aquela encerrava de imediato, poupando assim uns valentes milhares de euros em relatórios/actas, deslocações, traduções, etc., etc.

Andem por onde andar, ouçam este e aquele e o aqueloutro, vejam e revejam a mais variada documentação, façam inclusive o pino, que no final hão-de chegar à brilhante conclusão que a culpa vai ser, quanto muito do porteiro do banco público ou da empregada de limpeza do BdP, mas jamais dos políticos e/ou dos banqueiros.

“Não me recordo. Já passou tanto tempo. Quem permitiu tal foi X, Y e/ou Z. Apenas cumpri ordens. Nem sequer estive na reunião”. Eu, pessoalmente, não devo nada”. Estas são algumas das muitas afirmações desenvergonhadas por todos ouvidas. Calculado e resumido, o final é certo: paga Zé e não bufes.

Já agora, não me admiro nada que um dia destes, surja um novo caso, este ocorrido nos presentes dias, muito semelhante àquele, e que jamais encontrará quaisquer culpados. Nós somos assim. O que se há-de fazer?

publicado por Hernani de J. Pereira às 16:43
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Janeiro 31 2019

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Muito se tem falado e continuará a falar sobre a má gestão da CGD e dos respectivos prejuízos, os quais, aliás, não pagamos com língua de palmo, mas sim com língua de palmo e meio. Deixem-me, porém, dizer desde já que, apesar de sabermos bem quem foram os culpados directos e indirectos, não acredito que qualquer um deles seja condenado.

Infelizmente, haverá sempre um modo de fugir à aplicação de qualquer sanção. Os argumentos poderão ser muitos, mas basear-se-ão nas seguintes premissas: por um lado, os eventuais, sublinho eventuais crimes já prescreveram ou, por outro, devido a que qualquer investimento – os empréstimos estão dentro desta categoria – tem riscos, i.e., tanto pode dar certo e obterem-se lucros, como correr mal e originar prejuízos.

Uma coisa é certa. Evitam de nos atirar areia para os olhos, dizendo que querem apurar, até às últimas consequências, quem são e, sobretudo, condená-los. É que se o queriam fazer, então, em tempo útil, teriam acabado com o desmando, uma vez que tal ocorre desde o ano 2000 e era conhecido por todos os responsáveis políticos. Bem pelo contrário, deixaram correr o marfim já que a maioria mamava da mesma teta.

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:40

Fevereiro 14 2017

Há uma expressão muito portuguesa que diz “palavra dada é palavra honrada”, algo que António Costa, por tudo e por nada, gosta imenso de proferir. Bem, no caso do seu ministro das Finanças, Mário Centeno, não é assim. E, já agora, para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também não.

Se não há documento escrito a provar isto e aquilo, nada vale o que se disse. Em suma, a palavra, sobretudo de um político, que já andava pelas ruas da amargura, nos dias de hoje vale exactamente zero.

Portanto, meus caros amigos, a partir deste momento, sobre tudo o que eu disse e o seu contrário não me venham solicitar contas. Se me apresentam um papel assinado tudo bem; caso contrário nada feito. Ponto final parágrafo. Sabem que não será assim, já que sou um homem de palavra honrada, mas que poderia ter o mesmo procedimento é verdade.

Estamos carecas de saber que entre Mário Centeno e o ex-presidente da CGD, António Domingues, houve conversas e acordo acerca da não entrega da declaração de rendimentos por parte da administração daquele banco público. Se houve documento escrito ou não pouco importa, uma vez que entre homens de palavra, esta sobrepõe-se a tudo o resto.

Contudo, muito mais que estas questões, que não são de lana-caprina, é importante saber quem pagou ao escritório de advogados para conceberem uma lei à medida do freguês – leia-se António Domingues. Este, a CGD ou o Ministério das Finanças?

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:00

Fevereiro 08 2017

Mário Centeno prometeu o que não tinha condições para cumprir. Ponto final parágrafo. E o governo, pela voz de António Costa, mentiu, quando afirmou que nada tinha sido acordado com António Domingues que contrariasse a Lei. Pois, hoje sabe-se que o ex-presidente da CGD acordou mesmo com Mário Centeno que estaria dispensado de apresentar a sua declaração de rendimentos junto do Tribunal Constitucional, segundo correspondência trocada entre os dois e hoje divulgada.

Isto de governar a qualquer preço, desdizer hoje o que se disse ontem, gerir a coisa pública com sorrisos para a direita e para a esquerda, não ter palavra e em que, salvo raras e honrosas excepções, a única política é a fuga para a frente ou varrendo o lixo para debaixo do tapete é o que dá.

Ainda ontem, na apresentação de um relatório da OCDE, estiveram bacocamente presentes seis ministros, o que levou o secretário-geral daquela organização a dizer publicamente uma graçola que os deixou com um sorriso amarelo: “pelo que vejo, hoje, não se trabalha neste país!”.

Actualmente, os países diferenciadores são aqueles que possuem uma estratégia de gestão, essencialmente no que concerne à credibilidade, bem definida, onde as suas políticas e práticas se baseiam no argumento de que o desempenho do país depende fortemente da contribuição dos cidadãos, bem como da forma como se organizam, se estimulam e se capacitam.

Ora, o exemplo acima descrito ilustra bem tudo aquilo que não deve ser seguido. Que expectativas e motivações, de modo a que as pessoas se sintam plenamente integradas e comprometidas, se podem incutir com tais práticas?

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:19

Dezembro 02 2016

paulo-macedo-web.jpg

Pois, pois! Depois de terem tratado a grave situação da CGD com os pés, tendo queimado em lume brando António Domingues, eis que António Costa não teve outra solução que nomear Paulo Macedo para dirigir aquele banco público.

Sendo um excelente gestor, mesmo um dos melhores, não tenho menor dúvida que Paulo Macedo irá dar a volta à CGD e transformá-la numa instituição financeira credível e, sobretudo, viável.

Todavia, que grande sapo que os socialistas, mais uma vez, tiveram que engolir! Para os mais distraídos recordo que este gestor foi ministro da Saúde no governo de Passos Coelho e, nessa altura, o PS disse, sobre ele, cobras e lagartos. Que estava a extinguir o SNS, que era animado por uma deriva neoliberal, que estava ao serviço dos grandes grupos financeiros, entre outros mimos. É só fazer uma pequena pesquisa na Net e vão, com toda a certeza, lembrarem-se destas e doutras pérolas, aliás algumas bem mais cáusticas. Observem a imagem que encima este texto, autoria da esquerdalha, e que ilustra bem o anteriormente exposto.

Enquanto a geringonça realiza a insustentável leveza do seu ser, só alguém de fora os pode motivar, animar e valer. Neste aspecto estão bem uns para os outros.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:01

Junho 24 2016

Como outro dia dizia uma amiga minha, nos dias que correm é só futebol, futebol e futebol. A política nacional está arredada das conversas do dia-a-dia e mesmo os media só hoje, praticamente, aludem ao Brexit, mais por receio – é sempre assim – que por interesse informativo. Até mesmo a recapitalização da CGD, a qual nos vai custar a cada um de nós a módica quantia (!!!) de 500 euros, praticamente desapareceu dos radares noticiosos.

É evidente que este estado de coisas serve às mil maravilhas ao governo. Enquanto os portugueses estiverem entretidos com o desempenho da selecção nacional, se o Cristiano Ronaldo apenas brilha no Manchester City e/ou Real Madrid, se o engenheiro deve colocar o jogar A em vez de B, António Costa esfrega as mãos de contentamento, uma vez que ninguém quererá saber da diminuição das exportações, do aumento da dívida e, sobretudo, que os índices económicos estão de tal modo em baixo que as projecções financeiras governamentais para o corrente ano jamais se cumprirão.

Aliás, se observarem os editoriais dos jornais e os próprios comentadores não fogem a este estado de espírito. E aqueles que saem desta regra são relegados para segundo plano ou nem sequer lidos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:58

Junho 08 2016

É público e sem margem para mais desmentidos. A recapitalização da CGD, banco público, vai custar aos contribuintes bem mais que o BPN e BANIF juntos e, como é óbvio, terá um impacto extraordinário e incontornável na dívida pública e/ou défice.

Todavia, para ser coerente é conveniente perguntar: onde estão as vozes esganiçadas da esquerda e extrema-esquerda a gritar contra mais um atentado aos nossos bolsos? Com toda a certeza, todos se recordarão do clamor e da vozearia que se levantou e ainda ecoa relativa aos casos BPN, BES e BANIF.

Agora? Nem piam! E quando alguém diz que a gestão da CGD necessita de ser averiguada, uma vez ser indiferente público ou privado, o que importa, sim, é o dinheiro dos contribuintes, aqueles grupelhos políticos nem querem ouvir falar de tal. Resumindo: quando se trata de uma instituição pública, esta pode desbaratar o dinheiro de qualquer modo e com todo o bandalho que apareça. Não há problema algum. É gestão pública! Problema existe e todos os impropérios são lançados quando é privada! Como se para nós, pagantes, fosse diferente para onde vai o nosso rico dinheirinho, i.e., se vai para os bolsos dos privados ou dos privilegiados do sector público.

A CGD tem a sede mais luxuosa da maioria dos bancos europeus? Isso não importa. São trocos. A CGD teve como administrador esse grande conhecedor do meio financeiro, chamado Armando Vara, o tal que deu aval ao empréstimo de 100 milhões de euros ao empreendimento Vale do Lobo – inserido até às orelhas no caso Sócrates - e não há responsabilidades? Ah, invejosos! A CGD financiou, entre tantos outros, sem o mínimo de garantias, o Joe Berardo para este “assaltar”, em termos de aquisição de acções, o BCP, ficando a “arder” com centenas de milhões de euros? E isso que importa? É um banco público e está tudo dito.

Por último, e uma vez que a esta entidade bancária apresenta uma situação financeira francamente positiva, o número dos seus administradores foi aumentado para, nada mais nada menos, dezanove elementos. Para além disso, o tecto salarial, o qual, o actual presidente já estava isento, deixará de surtir efeito para todos os restantes. Maravilhoso!!!

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:05

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