Os partidos com assento na Assembleia da República, na sua maioria, preparam-se para aprovar o direito à morte assistida, sem haver lugar a debate público e muito menos referendo. Conforme disse no texto anterior, por muito que nada tenham dito aquando da campanha eleitoral para a actual legislatura, aqueles, com receio de que o povo chamado a referendo chumbasse a sua pretensão – não tenho a menor dúvida que assim seria -, preparam-se, agora e à socapa, para aprovar legislação sobre tal matéria.
Que os partidos da esquerda e extrema-esquerda o façam não me admira, uma vez que a democracia directa é para ser usada apenas e exclusivamente quando muito bem lhes interessa. Agora que o PSD, cuja matriz sempre foi moldada pela doutrina social da Igreja, bem como sabendo que a maioria dos seus militantes e, sobretudos, eleitores, professam a religião católica, vá atrás daqueles e também apoie a não realização de um referendo é que não compreendo e muito menos aceito. Respeito quem pense diferente e vote conforme muito bem entender num referendo, como é óbvio. Rejeito a clarividência de meia-dúzia de iluminados, bem sentados no Parlamento.
Estou e enquanto assim pensar estarei sempre contra este atentado à vida humana, por muito que respeite a liberdade, não qualquer liberdade, não as mais amplas liberdades e muito menos a libertinagem. Atrás da eutanásia outras “liberdades” virão. Isto é só o princípio.
Por último, acrescento: ou o PSD, no qual há muito milito, repensa a sua posição relativamente ao referendo, ou ver-me-ei, de acordo com a minha consciência, obrigado a desfiliar-me. Tenho dito.