Perguntam-me, por vezes, se estou de acordo com tudo aquilo que escrevo. Respondo que maioritariamente sim, uma vez que é fruto do meu modo mais intrínseco de pensar. No fundo, é produto das minhas reflexões pelo que hoje-em-dia sou, com todas as condicionantes da razoabilidade. Contudo, existem excepções que confirmam a regra. É o caso do presente texto.
Não adianta negarmos o óbvio, com as devidas exclusões. Se há décadas vivíamos uma relação para toda a vida, presentemente passámos a ter várias e a mudar de parceiro(a) consoante as circunstâncias que a vida dita. Reparem que não falo do coração e tal é propositadamente. A adaptabilidade ao modelo de vida que nos é, muitas vezes, imposto ou que “livremente” escolhemos, obriga a uma gestão mais eficaz dos nossos recursos e talentos, face às contingências dos ciclos etários.
Esta flexibilidade relacional, com a qual não concordo, repito, tem uma forma de expressão muito característica, fundamentalmente assente no individualismo, na não cedência, na cristalização de ideias e hábitos e no ter sempre razão. Outras marcas existem mas, no essencial, são residuais. Convém também atentar que este modo de ser e estar, servindo-se da conjuntura económica penosa pela qual passamos, fixou-se para muitos definitivamente - ainda que por vezes pouco claro - e com conotação prestigiante para os seus intervenientes. Infelizmente, acrescento.
No ano transacto, de acordo com as estatísticas oficiais, por cada 100 casamentos oficializados registaram-se 65 divórcios. Ora, tal leva-nos a concluir que o acima exposto tem concretização efectiva e que se trata de uma modalidade relacional perfeitamente viável nos dias de hoje. Por isso, se quereis continuar a fazer frente à solidão, há que optar entre aceitar estas novas dinâmicas e moldá-las rapidamente a vosso favor, ou continuar a evitar sequer discuti-las, insistindo num passado que dificilmente será repetido.
Vale a pena pensar nisto!