As guerras fratricidas dentro do maior partido da oposição, o chumbo de algumas medidas do OE pelo Tribunal Constitucional, a carestia de vida para a maioria, o desemprego para alguns, infelizmente não tão poucos quanto isso, deixam-nos angustiados, frustrados e com vontade de fugir.
Contudo, este tempo, que, como se costuma dizer, não é carne nem é peixe, que numa hora chove, na hora seguinte faz sol, que nos obriga, às portas do Verão, ainda a trazer botas e casacos em cima de casacos, não digo que seja o pior, mas que contribui imenso para o nosso acabrunhamento não deixa de ser verdade.
Por isso, quando vejo as pessoas a proclamar, alto e em bom som, que querem mudança de governo, alteração das políticas, eu, pelo meu lado, exijo alteração imediata do estado do tempo. Quero dias cheios de sol e o céu azul sem nuvens. Quero ir passear, ir à praia, beber uma cerveja geladinha ou comer um gelado numa esplanada qualquer sem ter que andar de casaco e de chapéu-de-chuva.
Quero ver a beleza em tudo o que me rodeia. Quero olhar para a natureza transformada por este sol que, neste rectângulo à beira mar plantado, tem outro encanto. Necessito urgentemente de poder marcar na minha agenda aquela “fuga” de fim-de-semana sem me preocupar se vai chover ou estar frio. Ah, a minha agricultura também anseia por bom tempo.
Bem sei que no campo meteorológico, tal como em muitos outros, não temos qualquer poder e ainda bem que assim é, pois, caso contrário, há muito que nos tínhamos mutuamente aniquilado. Porém, isso não invalida o meu enorme desejo, o qual - estou plenamente convencido - é partilhado pela enormíssima maioria dos meus caros leitores.
Em tempos que já lá vão efectuavam-se procissões para que chovesse. Hoje até parece que necessitamos de orar para que venha bom tempo.