Ah, o café, essa poção que, diariamente, muito poucos portugueses conseguem passar sem beber, havendo mesmo alguns que podem ser considerados viciados em tal. Assim, bem podemos afirmar que a relação entre os portugueses e o café é uma história de paixão e sedução. Aliás, poucos existem que poderão dizer que uma relação não começou com um convite para tomar café?
A aludida paixão não poderia ter começado de outra forma. A história disso nos dá conta. Segundo a revista Café e Chá (Fev.2012), “diz-se que, em 1727, Francisco de Mello Palheta, um militar luso-brasileiro, foi enviado à Guiana Francesa com duas missões: restabelecer a fronteira fixada pelo Tratado de Utrecht e conseguir sementes de café”.
Quanto à primeira incumbência, por não ser aquilo que me leva a escrever este texto, deixo-a de lado. Relativamente ao segundo encargo, continua aquela publicação a dizer que “para conseguir tal intento, um verdadeiro segredo de Estado, Palheta - aqui para nós, palheta era coisa que não lhe faltava, fazendo jus ao nome - terá seduzido a mulher do governador, o qual se recusava veementemente a entregar os precisos grãos”.
Aquela, rendida aos encantos do garbosos militar, entregou-lhe uma planta de café, e, passado pouco tempo, os portugueses davam início à plantação, de certo modo intensiva, de café no Pará e no Maranhão.
A chegada do café à corte portuguesa, segundo conta a nossa história, foi uma questão de pouco tempo, tendo-se seguido séculos de enraizamento de um hábito. Beber café e frequentar cafés, num misto de convívio e cultura, há muito que faz parte do nosso dia-a-dia. Aliás, vejam-se os exemplos de muitos dos nossos mais ilustres escritores e pintores que não escaparam a esta moda, destacando-se, de entre muitos outros, Bocage, Alexandre Herculano, Almeida Garret, Fernando Pessoa e Almada Negreiros. E quem não se lembra de cafés míticos, alguns ainda hoje existentes, como o Martinho da Arcada, o Nicola, o Marrare, o Magestic ou a Brasileira?
Já agora, vai um café?
Adenda: À semelhança de muitos outros também este texto foi escrito há vários dias e daí a razão deste aditamento, o qual tem a ver com algo que, hoje mesmo, presenciei a propósito de café e que, mais uma vez, me deixou estupefacto face a determinadas posturas tomadas por certas pessoas. Mas, como se costuma dizer, as atitudes ficam com quem as pratica.