Ao contrário de muitas pessoas que conheço, gosto de trabalhar em stress. Detesto águas calmas, as quais, para mim, são, quase sempre, autênticos pântanos. Com isto não quero afirmar que laborar nestas condições seja sempre excelente. Os riscos são conhecidos e por alguns sustos já passei.
A conciliação entre carreira e a família é um desses casos. Tarefa cada vez mais exigente em que, geralmente, a última componente fica sempre a perder. Assumidamente torna-se um problema pela dificuldade crescente em delimitar o tempo dedicado a cada uma das esferas.
Acredito, todavia, que a presente questão se torne mais complicada para as mulheres, tanto mais que a vida familiar para estas é, ainda hoje e na maioria dos casos, mais sobrecarregada. Mas, para além das diferenças associadas ao género, existem outros factores a influenciar quotidianamente os níveis de pressão. O sentimento gerado pela pressão para concluir tarefas ou tomar decisões dentro dos prazos, na maioria dos casos manifestamente insuficientes, é outro agente a causar um grande mau estar.
A questão de estar submetido a um horário não escolhido por si, i.e., a subjugação a algo imposto, a impossibilidade de se ausentarem do local de trabalho, nem sequer por uma hora ou duas, até o caso de ser muito difícil, para não dizer impossível, programar férias conjuntas com os restantes membros da família, tudo isto são causas de uma pressão que leva algumas pessoas – não tão poucas quanto isso – a soçobrarem.
Por isso, não é por acaso que gosto tanto da agricultura. Se tem pressão? Tem. Mas é mais comparado com uma montanha russa, já que apresenta momentos de pico de adrenalina e, simultaneamente, muita instabilidade e incerteza. Porém, e sobretudo, disponho do meu tempo: tanto posso iniciar o dia às 06H00 e apenas trabalhar durante a manhã, como começar pelas 10H00 e ir até à meia-noite. Exemplos não faltam.