Com toda a franqueza dir-vos-ei que não tenho tido muita vontade para escrevinhar o que quer que seja neste ou noutros locais. Não por falta de temas ou por me doer a pena, mas simplesmente por outras ocupações me atraírem com maior acutilância. Conforme dizia a minha falecida mãe, semear não custa, a trabalheira é tratar e depois colher. E, em verdade, esta vaga de calor não me tem dado descanso. A água escasseia e a terra anseia diariamente por ela.
Todavia, os últimos dias têm-se revelado tão pródigos em notícias, as quais para o interesse comum são de somenos importância, mas que neste país são notícia de primeira página em tudo o que é órgão de comunicação social. E não resisti. Eis, então, a minha prosa para incómodo de todos vós.
A maioria das empresas detentoras de jornais, rádios e televisões receberam recentemente, a propósito da pandemia que nos assola, chorudos benefícios na ordem dos milhões de euros com vista a fazerem face à natural quebra de vendas e, sobretudo, à baixa de publicidade. Até aqui, com uma ou outra ressalva, direi que estava tudo bem. Porém, tudo se altera quando as empresas, como é caso da TVI, com recurso àquelas mercês, pagas com os nossos impostos, como é óbvio, se arvora no direito de recontratar Cristina Ferreira, a nova dona (e diva) disto tudo, por milhões de euros anuais. É uma vergonha!
Por outro lado, Luís Filipe Vieira, presidente do SL e Benfica, acusado e reacusado por imensos crimes fiscais e branqueamento de capitais, tal como a SAD deste clube, resolve em tempos de crise – recordo que o futebol continua a jogar-se sem assistência nos respectivos estádios e consequente inexistência das respectivas receitas -, recontratar Jorge de Jesus por três milhões de euros/ano líquidos (!!!), a que acresce toda a sua equipa técnica, perfazendo no mínimo sete milhões e meio de euros brutos/ano. Alguém tem dúvida que se trata de mais uma vergonha?