(imagem retirada daqui)
Nas tuas diferentes projecções, modelo subtilmente um desenho, com um perfil variável deste o topo até à base, justapondo e fazendo variar estes elementos, obtendo a sugestão de um relevo suave e contínuo, onde distintos planos se insinuam de uma forma muito delicada.
Trato-o como se fosse um desenho mutável, que varia a todo o instante, reagindo ao movimento das coisas em redor: do sol que sobe, roda e desce, uns dias mais e outros um pouco menos, e tão lenta quanto inexoravelmente vai depositando sobre as tuas superfícies – e depois delas vai retirando – a luz, a penumbra e as sombras.
Eu próprio, enquanto observador, quando ainda te imagino, ora mais ora menos proeminente, mas jamais plana, consoante mudam os ângulos de visão - a não ser a quem tanto queres parecer opaca e misteriosa -, como totalmente transparente, revelando toda a vida pulsante que existe no teu interior.
Tudo em ti, são conceitos antagónicos: função e forma, técnica e poética, regra e liberdade. Apresentas-te como um ícone, imagem identificável e inconfundível. Mais que uma mera imagem, é nas possibilidades abertas por essa profundidade que reside o principal fascínio e a permanente capacidade de surpreender.