Fernando Rosas em entrevista ao Expresso, de sábado p.p., afirmou que “houve um tempo recente em que quase era necessário pedir licença para dizer que uma pessoa era de esquerda” E, nesta ordem de ideias, perorava sobre a não estranheza da solução governativa actual, vulgo geringonça, uma vez que tal é fruto de uma certa refundação da dita esquerda e da manifestação de um orgulho em tal.
Evidentemente não tenho a pretensão que aquele político, hoje um quanto esquecido, por via da sua doença e posterior aposentação, mas que os media, em geral, tanto apreciam e a esquerda radical, em especial, tanto elogia, vá ler este poste inserido num modesto blogue. Todavia, tal não me inibe de dizer-lhe que como homem da direita, não radical e muito menos chique e/ou caviar, sem sombra de ultramontanismo, que, hoje-em-dia, também – e, sem dúvida, com maior acutilância –, é extremamente difícil afirmar-se como tal. Homem de direita, por acreditar na iniciativa individual e privada, expressando menos Estado, mas melhor Estado, adepto confesso da centralização, por saber da existência de muitos e muitos caciques locais, e, sobretudo, por saber o que esquerda, mesmo a classificada de democrata, fez e continua a fazer de mal. Abro um parêntesis, para dizer que basta ver que os três resgastes a que Portugal se submeteu o foram durante consulados do PS. Homem de direita por acreditar que História não mente e que esta jamais nos mostrou um país onde a ideologia professa pela esquerda fosse sinónimo de progresso. Homem de direita por acreditar na justiça social, a qual, de modo algum, é apanágio exclusivo da esquerda, como infelizmente, há muitos anos, nos querem fazer crer. Bem pelo contrário. Homem de direita por acreditar na família, como célula fundamental da organização humana, nos valores cristãos e, fundamentalmente, por observar que as causas fracturantes – homossexualidade, adopção, substâncias psicoactivas, equiparação da animalidade à humanidade, entre outras – não são causa de salvação mas, em muitos casos, de perdição.
Estou ciente e, por isso, não me iludo, pelo menos a curto prazo, de que muitos haverá que não me vão dar razão. Todavia, os vindouros dar-ma-ão. A frase “fica-te mundo muito cada vez pior”, já o sabemos, tem mais de dois mil anos e, assim, não a vou invocar. Apenas direi que o futuro dar-me-á razão. Infelizmente!
Ah, desenganem-se aqueles que acham que já estou a fazer jus àquela máxima que “o radical libertário da juventude se torna o conservador da meia idade e o reacionário ranheta da velhice”. Em termos físicos, todos o afirmam, aparento ter menos idade do que efectivamente tenho e em termos de espírito, então, nem se fale.