O meu ponto de vista

Janeiro 06 2014

Eis-me de volta ao balanço de 2013, desta vez dedicado à Educação. O grave emagrecimento demográfico resultante da quebra de natalidade, bem como da inevitável racionalização dos recursos financeiros – situação económica oblige -, provocaram, neste sector, sobretudo nos últimos anos, não apenas o encerramento de centenas de escolas, como determinaram o fim de um mercado de trabalho para muitos jovens licenciados.

Perante estes pressupostos, e embora esta seja uma área muito sensível, as acções de abordagem não poderão ser herméticas ou conservadoras, tal como não poderão ser ultra-liberais. Assim, se Nuno Crato, de quem tanto se esperava, por vezes, se tem comportado como um elefante numa loja de porcelana, como foi o caso da prova de avaliação de conhecimentos dos professores contratados (PACC), também não deixa de ser verdade que aquele senhor que não dá aulas há vinte e tal anos, mas que é docente efectivo, e lidera o movimento que, supostamente, defende os interesses da classe, já se deveria ter demitido ou ter-se sentado com todos os interessados a pensar numa boa base de gestão da Educação.

O país, e sobretudo a Educação, necessita urgentemente de profissionais adaptáveis, que possam enquadrar-se nas oportunidades existentes, actualizando permanentemente os seus conhecimentos, de modo a manter um know-how técnico-científico altamente especializado. Por isso, convém pensar no grau de motivação e envolvimento que um docente pode ter numa escola onde impera, em grande parte, o medo de perder o lugar, onde sente quase permanentemente que não possui autoridade, já que esta advém de quem superiormente não a quer exercer e de ver o carreirismo ser premiado por evidências reminiscentes de um eduquês, infelizmente, ainda imperante.

Quando observamos que o número de candidatos à última edição da “Casa dos Segredos” foi o dobro das do ensino superior, está tudo dito.

 

Adenda: hoje podia e devia falar sobre o falecimento do Eusébio. Mas ía acrescentar algo? A resposta é não. Por outro lado, só ía acumular o que já excessivamente foi dito e mostrado.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:39

Janeiro 03 2014

Se a pessoa mais procurada, em 2013, no Google foi, para espanto de muitos, a actriz porno Érica Fontes, destronando o badaladíssimo CR7, não tenho a menor dúvida que a palavra mais ouvida em Portugal foi crise. É, portando sobre a crise que hoje falarei, mais uma vez tendo como guião o que se passou no ano que acabou.

Sempre que a conjuntura se advinha particularmente penosa, independentemente do ponto do globo onde o cenário recessivo se desenrole, é comum escutar-se uma célebre máxima que procura mobilizar os diversos sectores da sociedade, i.e., que das fraquezas façam forças, ou, numa linguagem mais popular, façam das tripas coração, ultrapassando, deste modo, os obstáculos que se vão colocando ao longo do caminho.

Tal mensagem, celebrizada pelo malogrado presidente norte-americano, John Kennedy, em meados dos anos 50 do século passado, e lançada em forma de repto, tem na sua génese o termo crise que, quando escrito em chinês, é composto de dois caracteres: um representa perigo e o outro afigura oportunidade. Sendo certo que existem especialistas para quem esta questão carece de um fundo de verdade, pois, para estes, aquele vocábulo não pode ser assim literalmente traduzido, a questão não deixa, contudo, de fazer algum sentido, sobretudo se analisada à luz dos esforços que muitos encetaram – por exemplo, as exportações aumentaram, com especial destaque para o calçado, a economia cresceu, saindo, ainda que de modo ténue, do campo recessivo.

Mais do que um lugar-comum repetido em contextos motivacionais, a ideia de explorar as oportunidades, mesmo que escassas, que vão surgindo nestes tempos de crise, para melhor poder fazer face aos perigos que se multiplicam, deve ser o mote para todos.

Neste cenário é necessário colocar em marcha estratégias que permitam minimizar as perdas, de modo a ficar o menos possível imune às consequências nefastas da conjuntura.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:48

Janeiro 02 2014

É chegada a altura de fazer o balanço de 2013. Não foi tão difícil quanto os velhos do Restelo apregoavam, mas também não foi tão fácil quanto alguns arautos messiânicos nos quiseram impingir. Existem cerca de, pelo menos, uma dúzia de temas que gostaria de abordar, tendo como prespectiva, evidentemente, o que aconteceu no ano transacto. Não sei se terei tempo e, sobretudo, capacidade para os abordar todos. Começarei por um assunto que é e continua a ser uma chaga da nossa sociedade: o desemprego.

Durante estas festas natalícias perguntei a uma amiga minha, recentemente desempregada, o que se poderia fazer para animar as pessoas, torná-las mais combativas, menos acomodadas e, principalmente, automotivadas. Respondeu-me que bastava dizer-lhes “tens trabalho”!

Infelizmente, nem todas as pessoas conseguem “ver” o outro lado e, por isso, aquela frase não chega. Nestes momentos de crise, tão agudos e quase crónicos, é fácil cair no irrealismo e no desânimo. Não há dúvida que existe um sentimento de perigo eminente, para não lhe chamar medo, no olhar das pessoas que se cruzam diariamente connosco.

Não há nenhum de nós que não conheça alguém desempregado, pois em cada 100 portugueses há 17 desempregados e, segundo consta, estes números pecam por defeito. Quantos não perguntam: “serei o próximo”? Situações que até há pouco dávamos como adquiridas estão, hoje, a ser constantemente colocadas em causa, abaladas e até mesmo destruídas. É como se os dias passassem a ser a preto e branco, sem cor, num filme triste, aliás em comum como foi o dia de ontem, o de hoje e será o de amanhã.

Desde criança que ouvi falar de desgraças no mundo. Quem não se recorda de Bengladesh, Etiópia, Corno de África e outros lugares do 3º mundo? E não é verdade que o império romano, egípcio, fenício, entre outros, caíram? Só que para nós, aqui em Portugal, isso era com “os outros” e em lugares ou tempos longínquos. De repente – bem, não foi assim tão de repente! -, a acrescentar à crise de valores, sintoma que já abordei por variadas vezes, percebemos que não podemos contar com nada como adquirido.

Somos todos iguais e estamos todos aqui!

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:22

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