O meu receio de um descambar económico/financeiro assenta em bases sólidas. Senão vejamos: o governo promete aos funcionários públicos, já em 2015, a retoma de 20% do que perderam, em termos salariais, nestes últimos anos, bem como o descongelamento da progressão de carreiras. Claro que os reformados e pensionistas não ficam esquecidos e aí está a promessa do alívio nos respectivos cortes, o qual será à custa de todos, principalmente dos que se encontram no activo. E não me admira uma baixa do IRS, uma vez que Paulo Portas tal prometeu e tudo fará para levar a sua avante.
Por outro lado, o PS, numa ânsia desmedida de ganhar as eleições, sobretudo as legislativas do próximo ano, promete, como se costuma dizer, o céu e a terra: reabertura de escolas que entretanto fecharam, reposição dos tribunais nas comarcas que os irão perder(!!!), novos centros de saúde, restituição de valências hospitalares, igualar o poder de compra a 2011, diminuição do IVA, principalmente na restauração, descida do IRS, fim do pagamento de portagens nas SCUTs, término da reorganização administrativa das freguesias, aumento da comparticipação do Estado nas autarquias – preparem-se para mais rotundas -, termo do regime semanal das 40 horas, entre outras medidas demagógicas e populistas. Em suma será um autêntico “El Dorado”. Mas todos também sabemos como tal situação irá terminar.
Por último, mas não menos importante, uma palavra sobre o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), apresentado nos últimos dias. É um texto com valor, mas muito longe de ser uma reforma do Estado – essa sofre de «malapata» e, por isso, nunca verá a luz do dia - e que projecta alguma esperança, principalmente aos funcionários públicos e pensionistas. Muito afastado do célebre desodorizante com o mesmo nome, pois não cheira tão bem, nem afasta assim tanto os maus odores, contém, porém, na sua essência, ainda que queiram desmentir o mais que evidente, dois aumentos de impostos, quando ainda há quinze dias diziam que jamais o caminho seria esse. O aumento de IVA de 0,25% e da TSU em 0,5%, por muito pequeno que seja, é, na verdade, um aumento da carga fiscal. A matemática, tal como o algodão, não mente.
Entretanto, faço votos para que fiquemos apenas por aqui.