Duas notícias, hoje dadas à estampa, despertaram o meu interesse. Ambas retiradas do DN. A primeira, dizia que 1500 soldados e cabos do exército pagaram para rescindir os respectivos contratos. A outra, afirmava que as competências pessoais são, cada vez mais, valorizadas pelas empresas.
Ora, é sabido que, na última década, Portugal enfrentou momentos particularmente desafiantes, marcados pela instabilidade económica, pelo aumento dos níveis de desemprego e por uma vaga sem precedente de emigração qualificada para o estrangeiro. Agora, porém, mercê do mercado de trabalho português, quando parece ter-se finalmente retomado o dinamismo pleno, importa atentar no que em cima é apontado, bem como fazer o balanço da herança deixada pelos anos de crise e definir uma estratégia para o futuro, que seja simultaneamente ambiciosa e concretizável.
Para isso é fundamental perceber quais as expectativas dos empregadores e dos profissionais. Nesta ordem de ideias, é absolutamente necessário que os profissionais qualificados (!!!) se sintam, per si, interessados em avaliar novos projectos de carreira. Como poderão as empresas ultrapassar esta crescente escassez de competências que ameaça colocar em causa os seus planos de crescimento?
Actualmente, a esmagadora maioria das organizações em Portugal afirma ter dificuldades em recrutar talento, um problema que, recorde-se, era há uns anos exclusivo da área das TIC.
A resposta a esta e a outras questões similares deverá obrigatoriamente passar por planos de atracção e retenção de talentos bem estruturados. O ensino profissional não pode continuar a ser – desculpem-me a expressão – a lixeira de todo o restante ensino secundário. Não pode ser o vazadouro dos alunos com dificuldades cognitivas e/ou de integração. Junta-te aos bons e serás um deles; junta-te aos maus e serás pior que eles. Ditado muito antigo, mas ainda muito assertivo.