Considerado, em tempos, como responsável, estratega, criativo, eficaz, paciente, especialista, organizado, focado em objectivos concretos, inovador e, sobretudo, analítico, Armando Vara foi secretário de estado e ministro nos governos de António Guterres, tendo sido “obrigado” a demitir-se depois do escândalo que recaiu sobre o financiamento à Fundação para a Prevenção Rodoviária, instituição da sua lavra.
Já naquele tempo era um dos boys, a par com José Sócrates, seu grande amigo, com maior poder dentro do PS. E apesar daquela demissão forçada a sua rede tentacular não diminuiu, bem pelo contrário.
Tal assim foi que quando o seu compagnon de route, José Sócrates, foi eleito primeiro-ministro logo o nomeou para a administração da CGD e depois para o BCP.
No entanto, conforme diz o nosso bom povo, quanto maior é a subida, maior é a queda. Por isso, hoje, segundo afirmou no final da leitura da sentença do processo Face Oculta, ficou “em estado de choque” ao saber que tinha sido condenado a 5 anos de prisão efectiva. Pudera, viu que o seu poder afinal não passava de fogo-fátuo!
Ora, numa semana em que a justiça tem sido notícia pelas piores razões – reforma judicial e problemas graves no sistema informático que serve os tribunais – é bom saber que, de vez em quando, existem juízes, os quais, sem temerem o poder dos “colarinhos brancos”, proferem a sentença que é capa de primeira página em tudo o que é meio de comunicação social.
É evidente que a maioria dos condenados naquele processo, principalmente aqueles cuja notoriedade pública é maior, vai recorrer e demorarão ainda alguns anos até que a sentença transite em julgado, pelo que os arguidos continuarão em liberdade. Mas os portugueses estão certos que um dia estes verão o sol aos quadradinhos.