O meu ponto de vista

Janeiro 24 2017

Já o outro dia aqui falei sobre o papel de Marcelo Rebelo de Sousa na vida política actual. Convenhamos que a ninguém convém um Presidente da República (PR) apático, introvertido, sorumbático, queixando-se de tudo e de todos, parecendo que nada deve a quem quer que seja, mas que todos lhe devem algo, em suma, fechado entre as quatro paredes do seu Palácio, à semelhança da Rainha de Inglaterra. Não, repito, não é isso que os portugueses esperam de um PR, tanto mais que é eleito por sufrágio directo e unívoco por todos nós, o que lhe dá uma legitimidade acrescida.

Todavia, uma coisa é alguém apático e sobrecarregado de um simbolismo já balofo e em desuso. Outra, porém, é um PR travestido em primeiro-ministro, intervindo em áreas da competência exclusiva do executivo, com a agravante de se colocar de um dos lados da contenda política em que a democracia, tal como o ocidente a concebe, é rica e em permanente acção.

O PR deve, como a Constituição preconiza, ser um árbitro e jamais um jogador de uma das equipas, por muito que uma delas tenha o poder temporário de gerir os destinos dos portugueses. Ora, na entrevista que domingo p.p. deu à SIC, o Presidente da República ao apoiar as mais recentes medidas governamentais, ao elogiar as mais variadas acções promovidas pela “geringonça” – minoração do défice, reforço da concertação social, descrispação, diminuição do desemprego, reestruturação pacífica da dívida, entre outros – está, como é claro, a colocar-se de um dos lados da barricada, tanto mais que existem muitos portugueses a pensar que tais medidas não são assim tão favoráveis como se apregoa. Bem pelo contrário.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:03

Janeiro 06 2017

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Agradável, divertido, sorridente, moderno, popular e emotivo. Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) é, como pessoa, o oposto dos seus antecessores e sobretudo de Aníbal Cavaco Silva. Sempre o foi e, nestes primeiros meses desde que chegou ao Palácio de Belém, mostrou que também quer ser o contrário dos seus antecessores no exercício da função presidencial, apesar de alguns terem uma tendência constante de o comparar única e exclusivamente com o que o precedeu. A memória é curta e em política ainda o é mais

É incomparavelmente mais aberto do que os seus antecessores, que, por vezes, até pareciam ter receio de falar com as pessoas comuns. Ao invés, o actual PR nada como peixe na água no meio do povo. Foi um ilustre professor de Direito, mas isso não o impede de partilhar anedotas e episódios engraçados com os mais humildes, de os ouvir e falar com eles a mesma linguagem de modo que todos compreendam.

Sem dúvida que é um homem afectuoso e simultaneamente muito inteligente. Porém, como não há bela sem senão, muitas vezes, por voluntarismo ou nem tanto como isso, extravasa as suas funções, intrometendo-se na esfera governativa, mais parecendo chefe do executivo que primeiro magistrado da Nação. A sua costela de comentador, que tarda em desaparecer – será que alguma vez o vai abandonar? – leva-o a analisar tudo e todos, amealhando tempo de antena que qualquer outro político gostaria de simplesmente de lhe roçar os pés.

O seu lado frenético e impulsivo demanda-o a querer estar em todo o lado. Do ex-Presidente e fundador do PS, contava-se em tempos, e em termos de anedota, que Deus estava em todo o lado, mas Mário Soares já lá tinha estado. Por isso MRS nunca cumpre a sua agenda oficial. Quando os jornalistas, que cobrem os seus actos, contam ir a dois ou três eventos, no final do dia contabilizam sempre o dobro, senão o triplo.

Bem sabemos que, em termos de popularidade, ninguém rivaliza com ele. Todavia, sei por experiência própria que agradar a gregos e a troianos é impossível. Até Jesus - de quem um dia afirmou que nem que descesse de novo à Terra seria líder do PSD, acabando por ser desmentido por ele próprio -, até Jesus, repito, que foi o Santo que foi não conseguiu agradar a todos, como pensa ele conseguir?

Depois, com toda a franqueza, se existem coisas de que não gosto é da ausência de agradecimento. Bem sei que depois de eleito passou a ser o Presidente de todos os portugueses. E que não deve ter uma postura de facção aceito e aplaudo. Todavia, andar constantemente com este governo ao colo, com encómios perfeitamente desnecessários e, acima de tudo, com a depreciação da actuação do anterior governo, como foi a sua análise relativa ao feriado do 1º de Dezembro, também é demais.

publicado por Hernani de J. Pereira às 14:02

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