
Olho para o telemóvel e chegam constantemente mensagens de bom Ano Novo. Perscruto as redes sociais, sobretudo o Facebook, e vejo, em larguíssima maioria, os mesmos votos. Vou a qualquer superfície comercial, quer seja grande ou pequena, e os desejos repetem-se. Ando pela rua, seja em trabalho ou simples lazer, e os anseios são os mesmos.
Se a décima parte, não queria mais, destas intenções se concretizassem, era um homem muito feliz e, já agora, próspero. Bem, não é por acaso que há quem diga que esta é a época mais cínica do ano.
Com toda a franqueza queria, neste momento ser um optimista , nem que fosse irritante como António Costa, isto no dizer do PR. Mas, sinceramente, não consigo. Prevejo, para o próximo ano, uma economia a falhar, um ensino com menor rigor, um aumento constante, ainda que silencioso, dos impostos (in)directos, uma saúde com menos recursos face às enormes dívidas propositadamente deixadas por pagar, isto para não falar de Trump, Putin, avanço da extrema-direita em França e na Alemanha, refugiados, terrorismo, entre tantos outros maus pressentimentos.
Podia varrer tudo isto para debaixo do tapete e gozar a vida. Todavia, nestes últimos momentos que faltam para o fim-de-ano não vou pela primeira vez fazer tal. Peço desculpa, mas é assim.
Por isso, resta-me desejar que, pelo menos nesta noite, não falte comida nas mesas e, senão houver champanhe, que pelo menos se solte a rolha do espumoso.