O dia de ontem, por via da eleição presidencial, contemplou-nos com várias surpresas. A primeira refere-se à abstenção, a qual rondou os 60% quando dias antes especialistas haviam em que apontavam para 75% ou mais. A segunda foi a votação extraordinariamente alta de André Ventura (AV). Já a terceira tem a ver com a diminuta votação dos candidatos do PCP e do BE, respectivamente João Ferreira e Marisa Matias. Então estes, face a tão reduzidos resultados e por serem inferiores a 5%, não terão direito a qualquer subvenção pública.
Não me surpreendendo a votação obtida por Marcelo Rebelo de Sousa, já não posso dizer o mesmo do líder do Chega! Explicações existem muitas. Uma das mais verosomíveis assenta no facto de, até ao surgimento da geringonça, os partidos de protesto eram o PCP e, sobretudo, o BE. Com o apoio destes ao governo do PS, a modos que se normalizaram, começaram, de certo modo, a fazer parte do sistema. Contudo, abriu-se um vazio, agora devidamente aproveitado por AV. Outra teoria assenta na luta deste contra as regalias usufruídas pela etnia cigana e/ou outras. O certo é que há muitos portugueses que se revêm nesta luta. A justificar este pensar atente-se nos resultados obtidos por aquele na maioria dos concelhos alentejanos, chegando aos 30 % naqueles onde há uma forte implantação da referida comunidade.
Por isso, é que há quem defenda a urgente “normalização efectivamente” do Chega! Só assim começa a fazer parte do sistema, perdendo deste modo o ímpeto de protesto.
Preocupado? Sim, quando ouvi alunos com 18, 19 ou 20 anos a dizer que iriam votar AV, pois “é o único que diz as verdades”.