A culpa não é totalmente deles. Aliás, a falha maior cabe-nos a nós, aqueles que os criaram, já que lhe demos tudo ou quase tudo. Assim, não admira encontrar homens e mulheres com trinta, quarenta anos, na sua maioria, impreparados para enfrentarem os sacrifícios que a vida, nesta idade, sempre acarreta.
Recordamos que foi a geração apelidada de “à rasca” e do “não pagamos”. Tudo ou quase tudo lhes foi consentido e permitido. Os pais, mercê de algum desafogo económico, proporcionado pelos governos cavaquistas, bem como da abertura proporcionada pelas administrações guterristas, tentaram dar o máximo aos seus rebentos, muitas vezes aquilo que tinham e o que não tinham, numa viagem mirabolante, como uma espécie de compensação por aquilo que não gozaram, quando não era autenticamente uma anti-ressecação de si próprios.
Como resultado, hoje-em-dia perante a menor dificuldade ou contrariedade viram costas, amuam e acham-se constantemente injustiçados. Não cresceram em termos de amadurecimento e, por isso, continuam a crer-se com direito a tudo e, sobretudo, sem expender energias. Vá lá, raras vezes, quanto muito despendem o mínimo dos mínimos dos esforços e, nessa ordem de ideias, afirmam-se permanentemente exaustos.
Pior, bastante pior, é que são estes que presumimos que um dia destes cuidarão de nós. Assim, o verbo presumir deve ser constantemente conjugado. Pensar que cuidarão é meio caminho andado para a desilusão.