Imensas pessoas têm perguntado do porquê de tantas vezes fazer referência ao período que engloba os meses de Julho e Agosto de 2009. É uma época longínqua, é certo, mas que passados sete anos continua extraordinariamente viva na minha memória. Foi um espaço temporal que, quer profissionalmente, quer afectivamente, muito alterou o rumo da minha existência. E sem dúvida para melhor, principalmente no que respeita ao último item.
Quanto custa investir num cargo? Quanto custa investir numa pessoa? Se o talento é tão importante quanto (da boca para fora) afirmamos quais são as nossas respostas e, sobretudo, o nosso modo de ser e estar perante tal? Sinceramente, vi excelentes exemplos, mas também fui confrontado com deploráveis atitudes.
Existe uma velha – não propriamente em termos etários - geração que ainda não percebeu que o mundo mudou. Gente que acredita ainda, por exemplo, que o talento é algo comum a quase todos. O que me choca. Resquícios, sem dúvida, de um igualitarismo sem sentido.
Nesses meses em que a estratégia se baseou no muito e bom, contrariando a máxima de “muito e depressa não há quem”, fiz jus à indagação “quanto queres crescer?”, respondendo “o máximo possível”, mas sem que isso levasse à instabilidade e muito menos destruindo a produtividade.
Foi um tempo prolongado no tempo. É que a dilatação se estendeu pelos meses e anos seguintes. Tempo em que deixei de estabelecer contratos intemporais. Tempo em que a incerteza deixou de existir e o drama (!!!) diário de acordar diferente - em termos geográficos, físicos e emocionais – passou a ser um contributo potencial para o crescimento.
Tempo esse em que recordo determinadas pessoas. Essencialmente no plano afectivo, claro está. Felizmente já “morreram”. Aliás, se viveram mais tempo que o razoável foi porque as “alimentei” com crédito insustentável, como autênticas imparidades. Em boa verdade detinha uma “empresa” cuja actividade arrastei durante anos e anos, a maior parte do tempo com recurso a bónus indevidos, até que finalmente encerrou. Algumas das pessoas que, durante anos e anos, trabalharam comigo estuporaram todas e mais algumas oportunidades, uma vez que pouco ou nada investiram. A destruição nem sempre é desvantajosa. Muitas vezes liberta o caminho para iniciativas saudáveis, de modo a investir em pessoas ganhadoras.
Muitas pessoas conheci posteriormente, dignas de mais-valias. Estes recursos humanos foram e são o que tenho de melhor. Se assim é, então, devo passar a maior parte do meu tempo a olhar para elas e não para o passado.