A consulta pública feita pelo Ministério da Educação sobre o novo programa de educação para a sexualidade do 2º Ciclo do Ensino Básico, onde se inclui se se deve ou não abordar a temática do aborto, acaba no próximo dia 25, i.e., a data em que os cristãos comemoram o nascimento do Menino Jesus. Nem de propósito! Aliás, da nova “5 de Outubro” enfeitada com novas cores, apresenta a sua árvore natalícia não com bolas vermelhas e prateadas, mas com punhos cerrados, foices e martelos, não podemos esperar outro acerto de datas. Sim, porque isto não é fruto do acaso.
Para além deste calendário, no mínimo repugnante, há que concordar que, tendo presente que a maioria do povo português professa a religião católica, é de muito mau tom, querer incutir a crianças de nove, dez, vá lá onze anos, a ideia de que a interrupção voluntária da gravidez, eufemismo para designar a palavra aborto, é perfeitamente aceitável. Para além da ofensa à larga maioria dos portugueses, há – não tenhamos medo das palavras - um certo ar animalesco e selvagem ao dizer a uma criança de tão tenra idade que uma mulher em idade de procriação pode matar um ser já com vida e, sobretudo, com alma.
Depois queixamo-nos da baixíssima taxa de natalidade? Bem, com toda a franqueza, a culpa também é, e em grande parte, dos católicos. Se estes quando vão colocar a cruz no boletim de voto, ou quando se abstêm, se se recordassem destas questões outro galo cantaria.