Muitos existem que insistem em asseverar que fomos e somos grandes devido à emigração. E, sem sombra para dúvidas que a nossa história está repleta de movimentos massivos de emigração. Mas estes não foram apenas êxitos. Só para citar um de entre muitos exemplos, a saída forçada dos judeus no século XV, a qual privou o país dos seus mais qualificados recursos humanos, foi uma catástrofe cujas contas ainda hoje não estão devidamente saldadas.
Todos sabemos que a maioria daqueles judeus, portugueses tal como os que cá ficaram, foram sobretudo para a Holanda. Aí progrediram e desenvolveram o país, fazendo dele, nos séculos seguintes, a maior praça do comércio internacional.
Vieram-me à memória estas recordações, uma vez ter cogitado para com os meus botões: será que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, não será descendente dos tais emigrantes lusos? É que, como é do conhecimento público, não existe quem diga tanto mal deste rectângulo à beira-mar plantado como nós próprios. Aliás, a frase proferida por este governante - os países do Sul não podem gastar dinheiro em bebida e mulheres e depois ir pedir ajuda - na boca de muitos e muitos portugueses não só não seria criticada como, pelo contrário, seria aplaudida. E de pé!
É evidente que sempre fomos e assim seremos. Somos capazes de dizer quanto há de mal da nossa família. Mas ai daquele que se atreva a afirmar o que amiúde proclamamos aos quatro ventos.
Não é bom ver esta onda de populismo, i.e., observar qual é o político nacional que aparenta ter mais apetite em enforcar, na árvore mais alta, o ministro das Finanças holandês.
ADENDA: O Público escreveu que "o MP investiga gastos de milhares de euros na Metro Mondego em hotéis, vinho e stripteas". Será esta a fonte de Dijsselbloem?