Quando, como aliás foi amplamente noticiado, 90 % do país sofre de seca média e o restante de severa, é criminoso dizer para a chuva nos abandonar.
Quando as estatísticas demonstram que este ano foi o menos chuvoso das duas últimas décadas e o mais frio dos últimos 15 anos, é aviltante afirmar que é tempo do bom tempo se instalar. É caso para perguntar: ainda querem mais?
Já agora, a talhe de foice, como pensam que os produtos agrícolas se criam? Sem água e apenas com muito sol? Bem, o outro dia, a alguém a quem colocava esta e outras questões interrelacionadas, foi-me respondido: “mas, qual é o problema? Se não produzirmos, os produtos vêm do estrangeiro!” Oh, santa ignorância! Então, não são capazes de se lembrar que existem muitos e muitos portugueses que dependem única e exclusivamente da agricultura e se esta não produzir vão engrossar ainda mais a crise económica e social já fortemente instalada? Depois, sem produtos genuinamente portugueses, sobretudo aqueles criados com a água da chuva, como ficaria a nossa gastronomia? Terceiro: se passássemos a comprar todos ou quase todos os produtos agrícolas que consumimos como ficaria a nossa dívida?
Ah, pois, esquecia-me que todos os desejos manifestados têm como único fito o irem para a praia e esparramarem-se ao sol ou, então, sentarem-se numa esplanada qualquer a beber uns finos e a comerem uns bons pratos de caracóis.
Em jeito de conclusão, direi que, pelo menos aparentemente, a crise no sistema de ensino em Portugal já tem mais de 40 anos, uma vez constatar que pessoas existem que o pensar não é o seu forte e, ainda por cima, o que é pior, possuem um ego que de aluído nada tem.