Anda um homem uma vida inteira a preparar-se e, sobretudo, a “sonhar” em ascender à mais alta figura da governação do burgo e, mesmo depois de duas vitórias, ainda que a última tenha sido muito ténue, qual vitória de Pirro – o termo, como sabem, não é meu – e zás, eis que lhe tiram o pão da boca quando esta já se encontrava mais que aberta. Sinceramente, não há direito!
Há coisas que não se fazem a um homem. Ele que até apresentou oitenta medidas – sim, é verdade, foram mesmo oitenta (!!!), apesar de muito poucos recordarem uma única – como estratégia para salvar o país e, deste modo, não dizerem que não tinha planos para as tão desejadas reformas geradoras de crescimento e de emprego e, de repente, pumba. Passam-lhe uma rasteira de tal monta que tenho dúvidas que se consiga levantar nos tempos mais próximos.
Não tinha generais nem barões? Concordo que não, mas tinha, pelo menos, meia dúzia de soldados fiéis, mesmo que não fossem brilhantes - ainda que tenha um Brilhante, de nome próprio Eurico, como um dos mais próximos colaboradores - que lhe proporcionava umas vitórias ainda que fraquinhas. Bem, de nada lhe valeram.
A este propósito, como devem estar recordados, escrevi, em devida altura, que a dúvida estava em saber qual a diferença de votos entre o PS e a coligação PSD/CDS-PP nas eleições europeias e que se aquela não fosse substancial António José Seguro, de quem tenho vindo a falar, como é óbvio, estava tramado. Bem dito, bem feito.
E logo agora, quando o país necessitava de alguma serenidade, eis que o principal partido da oposição e candidato a governar Portugal na próxima legislatura se transforma num saco de gatos, senão mesmo num autêntico enxame de abelhas.
Estão redondamente enganados aqueles que julgam que a perpetuação do actual secretário-geral do PS será solução de todos os problemas. O homem nunca convenceu ninguém, pois senão é feito de borracha, parece, tais os contorcionismos de que é capaz, e, principalmente, o discurso fácil, mas vazio de conteúdo, deita-o a perder constantemente.