Trabalho por quem não pode, mas pior – ou será melhor? - para quem não quer trabalhar. Não contabilizo quilómetros e/ou horas, pois não é isso que faz a diferença e muito menos me move. A quem, então, se destina tudo isto? Antes de mais, sou dos que pensa e, sobretudo, sente que quanto mais dá mais recebe. Poderia também advogar que tais préstimos entrariam no rol do perdão das minhas imensas culpas. Sim, humildemente me confesso como pecador. Por outro lado, ao pensar fazer o bem apenas e só com o intuito de um dia, após deixar este corpo térreo, usufruir dos bens espirituais doados por Alguém superior não estaria, de certo modo, a também comungar de um sentimento egoísta, i.e., fazer agora o bem para depois ter o melhor no Além?
É complexo este raciocínio e sei que estou a entrar por caminhos dúbios, para não dizer perigosos, os quais teologicamente não domino por infelicidade minha. É evidente que fazer a diferença na vida das pessoas é, e sempre será, a razão mais válida para a dedicação de alguém e a força para construção de algo que todos reclamamos, mas que poucos perseguem: um Mundo melhor.