Há uma necessidade de mudança. Todos sabemos disso. Todavia, divergimos na direcção, na velocidade e, sobretudo, nos objectivos a alcançar. Mas, quer queiramos quer não, tem de acontecer. Por exemplo, ao nível do desempenho. Não podemos continuar a pagar o mesmo a dois profissionais com níveis de assiduidade diferente, com desempenhos distintos e com relevâncias diversas. Por muito que a observação de alguns dos itens seja (muito) subjectiva. Deixar tudo como está é que não pode continuar, uma vez premiar-se a incompetência e levando à desmotivação dos proficientes.
Quando falamos em direitos – e, pessoalmente, nada tenho contra estes – temos igualmente de falar em deveres e obrigações. Diz-se que o sucesso – o salário faz parte integrante deste – é quando a sorte aparece para quem está preparado. Ora, sei de fonte limpa, que muitas pessoas não estão preparadas para aproveitar a sorte. Assim, não podem usufruir do mesmo.
A realidade é que faltamos muito, possuímos uma produtividade baixa – muitas horas no local de trabalho não é sinónimo de mais-valia -, não sabemos falar e muito escrever, andamos anos e anos a cometer os mesmos erros sem que isso se repercute no final do mês, não fazemos o trabalho de casa, descuidamo-nos no modo de vestir, para não falar no saber ser e estar.
A mudança, porém, não passa apenas por nós, enquanto seres individuais. Muitas organizações portuguesas – atrevo-me a dizer a maioria – não sabem como atrair o talento e muito menos como lidar com ele. Aquelas queixam-se da legislação, mas quando a têm recusam-se a aplicá-la ou são demasiado renitentes. O nacional porreirismo, a querer agradar a gregos e a troianos, o corporativismo ensandecido, levam à desmotivação e ao abandono dos mais competentes.
Recordo que ainda há poucos anos havia uma faixa de funcionários públicos que eram todos, sem excepção, classificados como muito bom ou excelente. E havia e ainda há, infelizmente, gente que nem a água que bebiam mereciam. Outros, porém, eram, quase me atreveria a dizer, o supra-sumo. No final, recebiam todos por igual.