Todos aqueles que estão de boa-fé reconhecem que o país está diferente, mas para melhor. Por isso, não me surpreendem as declarações, sobre esta matéria, de António Costa. Apenas me incomoda a sua tentativa de dizer uma coisa para os estrangeiros e outra para os “papalvos” nacionais. É que das duas uma: a um dos lados está a mentir propositadamente!
Que passámos e, de certo modo, ainda continuamos a passar as passar “as passas do Algarve” – perdoem-me o pleonasmo - ninguém tem dúvida. No entanto, num contexto necessário de recuperação económica de pós-troyka, é fundamental reconhecer que abandonámos a letargia a que a economia esteve votada desde 2011, faltando agora a criação de mais emprego, descongelar carreiras e permitir a subida, ainda que moderada, de salários.
É a defesa de uma política de baixos salários, consequência de sucessivas recessões e forte desemprego, que, segundo o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, faz a diferença entre sociedades mais desiguais, nas quais os governos e as organizações encaram como inevitável a persistência de desigualdades e as sociedades mais igualitárias que se esforçam para preservar a coesão social.
Que se tem de dar uma perspectiva de esperança aos portugueses é curial e é mais que justo. Outra coisa, porém, é voltar às promessas irrealistas, demagógicas e, sobretudo, populistas. Prometer “o pão a pataco”, como se costuma dizer, não custa. O difícil é depois cumprir. Que o diga o novo governo grego!
A campanha eleitoral já começou. Todos a sentem. O governo aumentou aqueles que estão isentos de taxa moderadora nos serviços de saúde, estendendo esse benefício aos jovens até aos 18 anos. Como resultado, são cerca de seis milhões os dispensados, o que faz com que menos de quatro milhões paguem por todos. É uma medida lógica, não o nego, tanto mais que os jovens até essa idade têm de estar na escola e, como tal, não podem auferir qualquer rendimento. Contudo, tão próxima das eleições cheira a eleitoralismo.
Pelo seu lado, o líder do PS, com tantas gaffes, não podia ficar atrás e, durante este fim-de-semana, afirmou que, se for governo, haverá lojas do cidadão em todos os distritos e tribunais em todos os concelhos, i.e., anulando a reforma judicial há pouco empreendida. Só faltará prometer o fim da união das freguesias, bem como acabar com os agrupamentos de escola.
A ver vamos onde termina a verborreia de mais um ano eleitoral.