Ano após ano, década após década, o número dos “resistentes” é cada vez mais baixo. Os jovens procuram outras paragens, sobretudo os grandes centros urbanos do litoral, deixando aldeias, solos e paisagens votadas a um abandono profundamente desertificador em termos humanos, económicos e ambientais.
São muito poucos aqueles que se podem classificar como instrumentos de futuro. Não são certamente muitos e nem os únicos, mas são uma garantia para aqueles que ficarem, uma aposta para os quiserem regressar e uma oportunidade para os que se vierem instalar.
Estas terras bairradinas são grandes e grande é também a vontade de crescer, razão pela qual tem vindo a recolher, junto da população, um forte desejo de concretização, uma concretização quantas vezes interrogada, tantos foram os avanços e recuos ao longo de décadas.
Hoje, porém, estamos em condições de reafirmar o que ficou dito há muitos anos atrás: a Bairrada - principalmente os seus vinhos - é irreversível. Hoje também começam já a revelar-se novas dimensões agrícolas e turísticas, duma região capaz de desenvolver num contexto de equilíbrio ambiental e social.
Neste momento quero deixar duas palavras de agradecimento. Em primeiro lugar aos meus pais, pois foram os pioneiros na estrutura do meu ser enquanto amante deste “sujo” que lava, que é a agricultura. Depois, uma palavra de esperança e de confiança num futuro certamente melhor. A criação de um espaço digno e com novos horizontes, onde os meus vindouros irão ter um papel decisivo naquilo que será o futuro. E não é muito diferente daquilo que queremos todos … uma vida digna, onde o “amanhã” deixará de ser uma incógnita e o “hoje” se viverá com maior intensidade.