Desde há muito que conhecia o local. Aliás, já por ali passara centenas, senão milhares de vezes. Porém, naquele dia algo houve que lhe despertou a atenção. Talvez um sol diferente a brilhar por entre farrapos de pequenas nuvens, talvez a sua felicidade, não sabe. Sim, o que percebeu é que aquele foi diferente dos demais.
À beira do rio Ledo, com cidade de Tafona no horizonte, ergue-se o emblemático Farol de Mar-Morto. Situado no terminal fluvial, junto a uma série de fragatas e a curta distância do velho submarino Lagedo, este património da marinha marca, de forma indelével, a imagem da frente ribeirinha de S. Cipriano. Assumindo-se como uma referência da história local, o Farol de Mar-Morto, que aqui funcionou entre 1856 e 1969, é um dos pontos mais bonitos.
Quem vem da zona ribeirinha, encontra à entrada da Rua Bendita, junto ao Largo do Timoneiro, o chafariz monumental da segunda metade do século XIX. Era aqui, neste sítio histórico, que aguadeiros, particulares e animais se abasteciam de água até meados do século passado, altura em que o fontanário foi demolido. Reconstruído recentemente dá novamente de beber a quem por ali passa.
Na pedra que delimita este património pode ler-se o poema de Mário de Sá-Carneiro “A Inigualável”:
Água fria e clara
Numa noite azul
Água, devia ser
O teu amor por mim!