Ontem, mais um estudo internacional foi dado à estampa. Trata-se dos resultados do Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS), o qual mede o grau de literacia, de cinco em cinco anos, dos alunos do 4º ano. E como descemos no ranking, i.e., passámos de 541 (2011) para 528 (2016), houve logo que arranjar culpados. Como é óbvio, há sempre aqueles que estão à mão de semear e, por isso, levam sempre por tabela. Já lá vamos.
Quando em 2011 tivemos um bom desempenho, não se ouviu Nuno Crato, ME naquela altura já em funções, gabar-se que os resultados se deviam à influência das suas políticas. Também era o que mais faltava, acrescento eu.
Agora, com o actual governo já em funções, aquando da realização do aludido estudo, o secretário de Estado da Educação, João Costa, uma espécie de comissário do radicalismo educativo, veio, de imediato, dizer que a culpa do referido arriamento classificativo se ficou a dever à implementação das metas curriculares por Nuno Crato. Esqueceu-se, propositadamente, que em Fevereiro de 2016 já tinham sido eliminados os exames do 4º e 6 ano, uma vez que a avaliação até aí feita era apenas meritocrática. Sabe-se - o resultado das provas de aferição, este ano realizadas, aí estão para o provar – que a mensagem que a esmagadora maioria dos alunos, e não só, reteve sobre esta política é de que – desculpem-me a rudeza da linguagem - se podiam borrifar completamente para a avaliação.
Mas como em cima de pontapé não podia faltar o coice, logo adiantou que o ME já está a programar mais acções de formação para os professores, transmitindo para a opinião pública de que os verdadeiros culpados são estes. Não sabem ensinar, são malandros, uns autênticos calões e, nessa ordem de ideias, há que os colocar na linha. Damos-lhe formação e enchemos os bolsos aos nossos amigos das instituições que proporcionam aquela. Com uma cajadada matamos dois coelhos. Esperto este João Costa! Há-de chegar longe!
Sobre apetrechamento das escolas – as do 1º ciclo é da responsabilidade dos municípios, para onde querem empurrar todos as outras -, zero. Sobre o realce a dar aos docentes, seja na forma de progressão da respectiva carreira, seja na sua credibilização junto das comunidades educativos, menos que zero. Negativo, ou seja, autêntico gelo. Aliás, como estão e estarão os seus ordenados.