Durante a semana p.p. efectuei, juntamente com cerca de cinquenta pessoas da Comunidade Portas de Coimbra, a Peregrinação Jubilar da Esperança a Roma e Assis. Ocasião especial, irrepetível, a qual nos pediu que nos pusessemos a caminho e superassemos algumas fronteiras. De facto, quando nos deslocamos, não mudamos apenas de lugar, mas transformamo-nos a nós próprios.
A etimologia da palavra “peregrinação” é decididamente eloquente e sofreu poucas alterações de significado. Em concreto, a palavra deriva do latim per ager, que significa “através dos campos”, i.e., “atravessar fronteiras”.
O caminho, na verdade, construiu-se progressivamente: houve vários itinerários a escolher e lugares a descobrir; as situações, as catequeses, os ritos e as liturgias, os companheiros de viagem permitiram enriquecermo-nos com novos conteúdos e perspectivas. A contemplação da criação também fez parte de tudo isso e foi uma ajuda para aprender a cuidar dela, tendo sido “a expressão essencial da fé em Deus e da obediência à sua vontade” (Francisco, Carta para o Jubileu 2025).
A peregrinação foi uma experiência de conversão, de mudança da existência para a orientar para a santidade de Deus. Com ela, fez-se também a experiência aquela parte da humanidade que, por várias razões, se vê obrigada a partir em busca de um mundo melhor para si e para a sua família.
Da peregrinação fizeram parte a indulgência jubilar, na qual se manifesta concretamente a misericórdia de Deus, que ultrapassa os limites da justiça humana e a transforma. Contemplou também a profissão de fé, também chamada “símbolo”, sendo um sinal de reconhecimento próprio dos baptizados, exprimiu o conteúdo central da fé. Aquela reflectiu igualmente a reconciliação, uma vez ter aberto um “tempo favorável” (cf.2 Cor 6,2) à conversão. E, por último, mas não menos importante, bem pelo contrário, admitiu a oração, sendo que existem muitas e variadas razões para orar, na base houve sempre o desejo de se abrir à presença de Deus e à Sua oferenda de amor.
(Continua)