Pois é. Trata-se de uma grande realidade, mas comumente muito esquecida. A riqueza que constitui o património de cada um não pode e muito menos deve servir para evitar o triste destino de recurso fácil para salvar situações de aperto financeiro.
A necessidade de liquidez, tão necessária à maioria das famílias não pode, de modo algum, passar, repito, pela liquefação do respectivo património. Isto tem de ser compreendido, em primeira linha, por quem deveria e deverá assegurar o financiamento da economia, impedindo, deste modo, soluções emocionais que a ninguém, em boa verdade, aproveita
Na hora de certos apertos, quem venha a ser forçado a olhar para o seu património como última tábua de salvação, do género vão-se os anéis, mas ficam os dedos, corre o risco de agravar a situação vivida sem sequer se salvar.
A tentação de negócios rápidos, fruto dos aludidos apertos, e que parecem aliviar situações difíceis de momento, tem retornos de médio e longo prazo que se revelam, muitas vezes, irreversíveis e nada atractivos.
Sobre este tema, o outro dia li que Getúlio Vargas, nos anos trinta do século passado, comprou e mandou queimar – e assim travar a quebra abrupta de preços – 18 milhões de sacas de café que estavam em stock na cidade de S. Paulo, revelando coragem e lucidez, apesar da enorme polémica que tal medida gerou.