Se Deus não tivesse feito a mulher, não teria feito a flor.
Victor Hugo
Sim, é verdade, tenho saudades! Saudades da meninice e das brincadeiras sem fim, da adolescência e dos dianteiros amores, ou melhor, das primeiras paixonetas, da juventude e a da respectiva liberdade, inerente aos verdes anos, da vida de estudante e dos anseios que a mesma despertava, dos primeiros tempos de homem já feito e com responsabilidades, dos meus pais que, infelizmente, já partiram e com toda a perca que isso acarreta.
Sim, repito, tenho saudades desses tempos, mas saudades mesmo tenho de todas as mulheres que amei e que me amaram. Até mesmo daquelas que me amaram e não amei. Bem, o contrário também aconteceu e, mesmo assim, a saudade igualmente permanece.
As mulheres, tal como as flores, são protagonistas de primeiro plano no universo dos sentidos. Não é por acaso que o primeiro destes nos é dado, logo à nascença, por uma (grande) mulher, a nossa mãe. É um facto comum a todas as épocas e civilizações, tendo inspirado pintores, músicos, poetas, escritores, os quais procuraram na sua imensa variedade, formas e feitios, a beleza e a harmonia de que o ser humano tanto carece.
Mediadoras de sedução, as mulheres estiveram sempre associadas a mitos e lendas, cada uma podendo simbolizar ( e alterar) um estado de espírito, um gesto, uma ideia, um valor, um sentimento, uma poesia e, sobretudo, uma memória perdurável no tempo.
As mulheres em geral e aquelas que, em particular, amei, foram e são detentoras de segredos inconfessáveis e, principalmente, indecifráveis. A matéria de que são feitas não é obra do acaso, bem pelo contrário. Souberam, desde sempre, como me atrair, à semelhança das flores que produzem substâncias cativantes para atrair os polinizadores. Contudo, simultaneamente, num momento ou noutro - infelizmente não tão poucos como isso - conseguiram ser extremamente repulsivas.
A delicadeza das loiras, a sensibilidade das morenas, a diplomacia das inteligentes, a graciosidade das negras, a alegria das inocentes, a generosidade das mais cheiinhas, a sumptuosidade das imperiais, a tenacidade das fortes, a nobreza das possuidoras de carácter, a doçura das … são adjectivos admiráveis e verdadeiros. Que me perdoem aquelas que não mencionei e me deram, similarmente, o traço do seu símbolo para me inspirar.