Ouvem-se as ministras da Saúde e da Justiça, os ministros da Educação e da Segurança Social, e escuta-se sobretudo o ministro das Finanças, isto sem falar do supra-sumo António Costa, e com a franqueza, a nossa alma fica parva.
Na opinião destes governantes e não só, vivemos no melhor dos mundos. Nunca se investiu tanto na saúde, educação, justiça e segurança social, entre tantas outras áreas, como agora. Jamais houve tantas contratações de médicos, enfermeiros, professores, técnicos superiores disto e daquilo, entre muitas outras contratações. Os números impressionam, pois são milhares aqui, milhares ali e outros tantos ou mais acolá. Não dizem quantos, entretanto, se reformaram, quantos estão de baixa, muitos deles sofrendo de autêntico burnout, sem falar na redução do horário para as 35 horas. Bem, isso também pouco interessa. Por exemplo, se um determinado serviço tinha há quatro anos 12 funcionários e se, entretanto, se reformaram 3 e 2 estão de baixa, bem podem dizer que contrataram 4 que existirá sempre um défice de colaboradores. E não necessito de argumentar que em 2015 o número de horas semanais efectuado seriam 480 horas e que presentemente o mesmo não vai além de 420, i.e., quase menos 2 trabalhadores.
Concluindo, se o caos está instalado nos hospitais, se as escolas não apresentam o mínimo de condições de trabalho, se os enormes atrasos na justiça são, desde logo, uma injustiça, se os mais idosos esperam e desesperam para que lhes seja atribuído a respectiva pensão, se para renovar o cartão de cidadão ou a carta de condução têm que ir para filas às três da manhã, tal deve-se, pura e simplesmente, ao mau alvedrio dos cidadãos. A que propósito têm que ir ao hospital e à escola, procurar o tribunal ou exigir a pensão?