Quando se luta contra tudo e contra todos, por norma, não é bom sinal. Os meios materiais e humanos são parcos e bem mais escasso é o tempo. Como tudo na vida - e a natureza que há muito estudamos a isso nos ensina - é necessário ratear, fazer escolhas. Caso contrário, pretendendo atingir todos e mais alguns, do mais pequeno ao maior, acabamos, no final, por a “montanha parir um rato”.
Mais uma vez a PGR investiu hoje contra o inesperado. Os dois maiores partidos, PSD e PS, receberam a visita dos inspectores da PJ, comandados por magistrados do MP, tal como ontem o Benfica foi “bafejado” com tal sorte, isto para não falar de outros clubes. Ah, a autarquia da capital também não escapou.
De modo algum estou contra tais investigações. Receio, porém, que com tanta dispersão de meios, o peixe graúdo acabe por escapar e, no final, a culpa recaia sobre a empregada de limpeza ou sobre o electricista, por muita consideração que tenha por estas profissões.
Por outro lado, esta legislação que obriga a investigar toda e qualquer denúncia, seja anónima ou não, tem o seu quê de perverso. Sim, bem sei, que se não fosse o anonimato muito do que hoje se sabe jamais surgiria à luz do dia. Porém, o reverso da medalha está que a coberto do anonimato se coloca, muitas vezes, pelas ruas da amargura gente honrada, bem como se coloca na lama ou abaixo dela instituições mui dignas – principalmente quem as dirige – só porque alguém ressabiado - sabe-se lá porquê – decide, após uma noite de insónia, escrever cobras e lagartos, muitas vezes apenas fruto de um delírio.