Ouvi ontem, durante a missa em louvor da Imaculada Conceição, que nos dias que correm só existem um tipo de pecadores, i.e., os que vão regularmente à missa. Sobretudo os padres. Quem nunca ouviu “os que vão à missa são os piores. Então, os padres são do piorio!”?
É verdade. Todos os dias vemos, lemos e ouvimos proclamar este e aquele homicídio, roubo atrás de extorsão, falcatrua antes e depois de trapaça, corrupção em cima de corrompimento, etc., etc. A lista, infelizmente, é infinita. Todavia, qual o resultado final? Raros são aqueles que acabam atrás das grades. O mal foi feito e foi sentido por muitas e muitas pessoas. Contudo, os seus verdadeiros responsáveis, por culpa da justiça ou porque possuem proventos tais que permitem pagar aos melhores advogados, o certo é que acabam ilibados, ou, quanto muito, com penas suspensas.
Voltando à questão daqueles que convictamente - não por dever ou obrigação, mas sim por gosto - vão à missa, acrescento que a maioria sabe, de antemão, que são pecadores e, por isso, ajoelham e perdem perdão. Por si, mas também pelos seus outros irmãos, independentemente de estes acreditarem ou não. São os primeiros a acharem-se culpados e se bem instruídos – sim, também os há em que a sua cultura teológica deixa imenso a desejar – procuram a perfeição, ainda que passem a sua vida inteira sem o conseguir. A carne é fraca e as tentações do mundo são imensas.
O que importa, porém, é a procura contínua do aprumo. Consegui-lo só está ao alcance de muito poucos, os santos.