Como, aliás, já imensas vezes aconteceu, não vou escrever sobre os que os media falam e escrevem a toda a hora, sobre tudo e, na maior parte das vezes, sobre nada. Recuso-me a alinhar na carneirada.
Não quer esta minha tomada de posição dizer que desvalorizo o assunto. Bem pelo contrário, pois dou-lhe a máxima importância. Todavia, sei, por experiência própria, que de tanto se falar no assunto, o mesmo acaba por ser banalizado, para além de ir ao encontro das pretensões dos terroristas.
Debruçar-me-ei, sim, sobre as relações entre o ocidente e o mundo islâmico. Tal como Vasco Pulido Valente defendeu em artigo no Público, não há volta a dar-lhe: as relações entre um e o outro devem ser as mínimas possíveis, i.e., resumir-se ao estritamente necessário: compramos-lhe petróleo e vendemos-lhes tecnologia. Atenção: não confundir com armamento.
Tudo o que vá para além disso dá e, cada vez mais, dará asneira. Senão vejamos: ao longo de séculos, tentámos sempre moldá-los ao nosso modo de sentir. Não digo, hoje-em-dia, cristianizá-los, pois as cruzadas há muito que deixaram de ser úteis, mas não nos cansamos de lhes impor o nosso modo de viver, ser e estar. Assim aconteceu no Iraque, no Líbano, na Líbia e, de certo modo, também no Egipto, nos quais “forçámos” a designada Primavera Árabe, com todos os males que daí advieram. Num aparte, não podemos olvidar que é preferível um ditador à anarquia, pois com aquele já sabemos com que contamos.
Em segundo, eles pensam o mesmo. Ou seja, principalmente os radicais que vêem no Corão todos os argumentos e mais alguns, têm como pensamento comum que deve ser a sua religião a comandar e a ditar as leis de todos os povos. E, como vemos diariamente, mártires não lhes faltam.
Nesta ordem de ideias, por muito que o nosso espírito de tolerância seja máximo, que o nosso amplexo de paz consubstancie uma abrangência para com todos, tal não é possível. Consciencializamo-nos disso.