É certo e sem margem para dúvidas. Muitos desafios e poucas respostas tenho sentido nos últimos tempos. Enredos agrícolas, maleitas de vária ordem e operações hospitalares, entre tantos outros desenvolvimentos, que muito fastidioso seria estar aqui a desenrolar o respectivo novelo.
De facto, o esforço de autopreservação para assumir responsabilidades nas relações entre os agentes sociais e/ou familiares tem gerado uma dinâmica com efeitos tudo menos espantosos na construção de uma dinâmica solidária, onde, desde logo, se tem destacado alguma falta de solidariedade intergeracional e laboral. Contudo, também revelou as suas fragilidades em assegurar todas as dimensões e componentes dessas responsabilidades, razão pela qual se foi abrindo espaço para o desenvolvimento de uma convivência (in)consciente, (des)informada e pouco envolvida, que no fundo não se espelha nas palavras de Sophia de Mello Breyner, “vemos, ouvimos e lemos; não podemos ignorar”.
Neste sentido, quer os que de perto me rodeiam quando procuram ou recusam fornecer os serviços e bens essenciais básicos – atenção que não estou a falar de bens materiais –, de forma a garantir a honraria humana, quer a sociedade civil quando se demite de denunciar as injustiças e se envolve em campanhas de infortúnio, não estão apenas a não assumir responsabilidades colectivas de cidadania, estão também a agir com base em princípios e valores com dimensões espirituais escassas, senão mesmo nulas, as quais apelam a tudo menos à capacidade de nos reflectirmos nas necessidades dos outros.