Chegou verdadeiro o Inverno. Dias pequenos, muita chuva e frio caracterizam esta época do ano. Que tem o seu encanto, é uma verdade insofismável. O aconchego do lar, o calor da lareira, com o crepitar da madeira seca a ser consumida, a gastronomia típica desta época – feijoada, sarrabulho, cozido, chanfana, entre tantas outras iguarias -, para não falar na quadra natalícia, tornam estes meses muito especiais. Então o Natal, com a ideia de família que lhe está subjacente, fazem crescer em nós desejos sinceros de humildade, solidariedade, onde o que há de melhor em nós sobressai.
Todavia, também é verdade que o frio e a chuva – absolutamente necessários – fazem-me sentir saudades do calor e, sobretudo, da praia. Nostalgia das sardinhas a estalarem na brasa, das febras e bifanas a saírem directamente para o pão, das saladas abundantes, das bebidas refrescando as gargantas sequiosas de quem festeja, falando, cantando, dançando, ou seja, aproveitando os dias longos e soalhentos e as cálidas noites.
Anseio por um tempo em que uma sombra fresca de um parque é um pequeno oásis, por uma esplanada construída no jardim, onde reúna os amigos à volta da mesa e a conversa parece não ter fim à beira de petiscos de fazer crescer água na boca.
Conto os dias para que cheguem os momentos do dolce far niente, em que há tempo para tudo e para todos. Os passeios, as visitas, a animação e a alegria desprendida, adiadas por meses e meses de trabalho ou de impossibilidade meteorológica, são colocados em dia.