Tenho de mudar de estilo de vida. Trabalho cada vez mais e o cansaço é, dia após dia, mais acentuado. Não é que seja velho, mas não caminho para novo. Depois, há a acrescentar que as muitas mazelas que fui carregando ao longo dos anos não mataram, mas que amolentaram é verdade.
Dizem-me que os muitos e muitos anos a lutar sozinho teria inevitavelmente de deixar marcas, isto é, algo de género: cá se fazem, cá se pagam. Quando, por vezes me queixo de passar uma vida inteira a lutar sozinho, acrescentam que quem quer boas mulheres arranja-as. Sinal que nunca tive jeito para tal.
Quando vejo e /ou ouço um ou outro casal a queixar-se da luta do dia-a-dia, só me apetece indagar: imaginem, agora, alguém a fazer uma vida de trabalho por dois?
Estou a vitimizar-me? Talvez sim. Talvez não. Existem casos bem piores que o meu? É claro que sim. E sei que o número de pessoas que se encontram em desmelhores condições que a minha é bem maior do que aqueles que estão em contextos mais prósperos. Que Deus me perdoe, mas também existem momentos pesarosos.