Eis que está a chegar o que alguns pretensos gurus já prediziam e outros ansiavam: a dispensa física dos professores no sistema de ensino e aprendizagem. Hoje, tal como referi em crónica anterior, alguém veio proclamar de que após esta quarentena, a qual, na melhor das hipóteses, durará pelo menos três meses, tudo ou quase tudo será diferente, incluindo, como é óbvio, o ensino.
Como se tem visto, não existe docente, desde o pré-escolar (!!!) até ao secundário, neste rectângulo à beira-mar plantado que não tente - a isso são obrigados pelas mais diversas “tutelas” - usar uma ou mais ferramentas de comunicação visual à distância. Ora, a utilização de tais instrumentos, os quais dão uma falsa ideia de que os discentes continuam em aulas, dá também ao país uma falsa noção de que é possível ensinar sem a presença física do docente. Aliás, ainda hoje, na Rádio Renascença, pelas 08h25, uma das locutoras ufanamente dizia que o filho estava a concluir o pequeno-almoço, pois daí a pouco ia ter aula de Matemática.
Não escrevo por motivo do meu emprego, pois estou numa fase em que mais ano, menos ano estarei reformado. Falo pela ausência de humanização e sobretudo pela possibilidade de excessiva robotização da vida, começando pelo ensino, princípio básico da nossa existência.