Quem me conhece sabe que sou um optimista nato e, por isso, acredito num futuro melhor. Porém, talvez devido à idade, tenho sentido o dosear de entusiasmo, o que me deixa algo constrangido. De modo algum tal sintoma descarrilará para depressão, mas que é, por vezes, angustiante não deixa de ser verdade.
Presumo que uma das causas do crescente mal-estar se deva à profissão que abracei há mais de quarenta anos. O ensino, se não anda pelas ruas da amargura, para lá caminha. Não porque haja docentes e não-docentes a não darem o seu melhor, mas sim pelo lado da educação. Os maus hábitos, a falta de princípios, os baixos valores que em casa são transmitidos levam a um estado calamitoso dentro e fora da sala de aula.
A linguagem de carroceiro, o uso intenso de toda uma pafernália de novas tecnologias, a começar (e acabar!) no telemóvel, o não se interessar por nada, por muito que os mestres tentem pintar diariamente o céu de azul, o recusar-se a aprender e, pior ainda, não deixar que os outros aprendam, é o pão-nosso de cada dia das escolas.
Sim, bem sei que existem umas escolas melhores que outras, tal como não desconheço que professores existem em que o respeito é muito lindo e que todos ficam a ganhar. Falo da generalidade e do que ouço constantemente. E não se pense que os discentes anteriormente descritos pertencem a estratos sociais desfavorecidos, vítimas de um feroz capitalismo. Não, mil vezes não. Alguns dos alunos nestas condições até são filhos de professores e, infelizmente, muito protegidos por parte destes.