Nunca é demais denunciar o extraordinário declínio da natalidade no nosso país. Cada vez existem mais casais sem filhos e os poucos que têm coragem para enfrentar tal desiderato, têm-nos cada vez mais tarde e em menor número.
As explicações são muitas e servem para todos os gostos. Individualismo, egoísmo, hedonismo, pensar apenas no presente e, entre tantas outras, uma que considero fundamental: inexistência de condições económicas. Bem sei que a recorrência a este último argumento nem sempre é fundamentada, mas que tem muito de verdade é certo.
Como todos bem sabemos não há programa de governo que não contemple uma série de promessas sobre a matéria em questão. Promessas que não passam disso mesmo. O vento as leva.
Por outro lado, não existe governo que, em momento algum, não tenha um pendor eleitoralista. É assim com o interior, onde se diz que se vai investir muitos e fundos, mas há míngua dos votos que tais regiões dão, nada ou muito pouco se faz, como também assim é com a natalidade. Os bebés não votam. Ponto final.
Observe-se o apoio à terceira idade versus benefícios à natalidade. Os mais velhos reivindicam aumento de pensões, mesmo para aqueles que, por vontade própria, nunca descontaram um cêntimo, apoio aos lares, transportes gratuitos ou quase, amparo na saúde – são os mais despesistas, como é normal -, etc., etc. E isto independentemente de terem filhos muito bem instalados na vida e/ou possuírem uma excelente conta bancária. Contudo, como votam, os governos lá vão cedendo. Não tanto como querem, uma vez que o lençol é curto, mas vão obtendo benesses atrás de benesses.
É, pois, chagada a altura de inverter este tipo de política. Apoie-se o nascimento de crianças com uma doação – por exemplo 10 000 € -, criem-se creche e infantários gratuitos – por vezes custa mais a mensalidade de uma criança num destes estabelecimentos do que a propina de um universitário -, dêem-se mais e melhores condições às parturientes, tais como licenças prolongadas e pagas a 100 %, férias a dobrar, tantos dias de descanso por mês, entre outras. Tudo isto até a criança, por exemplo, atingir os seis anos. Mas caramba, façam qualquer coisa.