Dia sim, dia sim, o Partido Socialista solicita por todos os meios e em todos os locais a demissão do governo e, simultaneamente, a convocação de eleições antecipadas. É evidente que a governação do país nos deixa quase diariamente angustiados e que as verdadeiras reformas, geradoras de crescimento e de emprego, tardam e, por isso, é fácil cavalgar esta onda de descontentamento.
Qualquer argumento que o governo aduza para justificar esta ou aquela contrariedade é de imediato contestada, fazendo crer, à saciedade, que não são mais que meras desculpas de mau pagador.
A memória dos homens é curta e no Largo do Rato sabem muito bem a cartilha.
Acontece, porém, que no espaço de duas semanas os lisboetas, governados por esse guru - alguns dizem que até asceta é - chamado António Costa, sofreram as agruras de duas enormes inundações. Como é óbvio, os fundamentalistas autárquicos da capital vieram logo dizer que tal não se devia às sargetas entupidas, aos esgotos mal dimensionados, aos declives das ruas mal calculados e muito menos à incúria da câmara. A culpa, sim, cabia inteiramente a S. Pedro que parece querer estragar o futuro do “Ghandi” de Lisboa.
Nada a que não estejamos acostumados: dois pesos, duas medidas.